Produtores de Mato Grosso do Sul enfrentam chuvas irregulares e influência do La Niña no início da safra de soja 2025/2026
A colheita do milho 2ª safra 2024/2025 entra na reta final em Mato Grosso do Sul. Ao mesmo tempo, os produtores se organizam para iniciar o plantio da soja. O Prognóstico da Primavera, elaborado pelo Cemtec/MS, aponta que o trimestre entre outubro e dezembro trará grandes desafios. Durante esse período, o clima deve registrar chuvas irregulares, temperaturas elevadas e forte influência do fenômeno La Niña.
Historicamente, a precipitação acumulada varia de 400 a 500 milímetros em grande parte do Estado. Entretanto, no Nordeste e extremo Sul, as médias chegam a 600 mm. Já no Noroeste, os índices ficam entre 300 e 400 mm. Neste ano, contudo, os volumes podem oscilar para cima ou para baixo, com tendência de índices menores no Sudeste.
Além da variação nas chuvas, as temperaturas também devem superar a média do período, que varia de 22°C a 28°C. Esse cenário climático, somado à irregularidade das precipitações, impacta diretamente o calendário agrícola.
O plantio mais intenso deve ocorrer entre 18 de outubro e 8 de novembro, quando os agricultores semeiam cerca de 70% da área total. Já em dezembro, as lavouras entram no estágio reprodutivo em várias regiões, segundo dados do Projeto SIGA-MS, desenvolvido pela Aprosoja/MS em parceria com o governo estadual.
O coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, explica que a combinação de chuvas abaixo da média e altas temperaturas reduz a umidade do solo.
Assim, os agricultores podem enfrentar falhas na germinação e atraso na emergência das plantas. Por outro lado, se houver excesso de precipitação, as sementes podem sofrer danos, enquanto as máquinas podem ter dificuldade de entrar nas áreas.
A previsão atual indica 71% de probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña. Portanto, o clima deve alternar entre dias secos e chuvas intensas. Diante desse quadro, especialistas sugerem estratégias de mitigação, como escalonamento do plantio, uso de sementes de alto vigor, manejo da umidade do solo e monitoramento climático constante.
Apesar dos riscos climáticos, a Aprosoja/MS projeta aumento na produção. A área cultivada pode chegar a 4,79 milhões de hectares, o que representa alta de 5,9% em relação à safra anterior.
Consequentemente, a produção deve atingir 15,2 milhões de toneladas, avanço de 8,1% em comparação ao ciclo 2024/2025. Já a produtividade média pode alcançar 52,8 sacas por hectare, um crescimento de 2% frente ao último ciclo.