Mudança pode elevar custos no campo e gerar reflexos na inflação dos alimentos
O Sistema FAEP chamou atenção para os impactos que a possível extinção da escala de trabalho 6×1 pode causar no meio rural. A mudança, que está sendo discutida por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), prevê a redução da jornada semanal de 44 para 36 horas, o que, segundo a entidade, pode gerar efeitos negativos em toda a cadeia produtiva e afetar o bolso do consumidor brasileiro.
De acordo com levantamento da FAEP, a redução da jornada obrigaria os produtores a contratar mais trabalhadores para manter a operação das propriedades, o que levaria ao aumento dos custos de produção e, consequentemente, influenciaria nos preços finais dos alimentos. Algumas cadeias agropecuárias já enfrentam defasagem nos preços e a proposta pode agravar ainda mais o cenário, alerta a entidade.
O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, destaca que o setor já sofre com a falta de mão de obra. “A agropecuária paranaense já emprega diretamente mais de 115 mil pessoas. Hoje, o produtor rural paranaense, mesmo pagando o maior piso salarial do Brasil, enfrenta dificuldades em encontrar trabalhadores”, afirma.
O dirigente defende que a proposta seja amplamente debatida com os setores que serão diretamente impactados, dada a complexidade da questão.
Sobre a PECA proposta é de autoria da deputada federal Erika Hilton e altera o inciso XIII do artigo 7º da Constituição, estabelecendo uma nova jornada de trabalho de 36 horas semanais, com quatro dias de trabalho e três de folga. Embora a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) limite o total de horas a 44 semanais, a divisão dessas horas pode variar de acordo com a escala adotada. No comércio e em atividades rurais, a escala 6×1 — seis dias de trabalho por um de folga — é amplamente utilizada.