INÍCIO AGRICULTURA Piscicultura

Piscicultura ganha impulso e consumo cresce 64% desde 2004

Consumo de peixes pelo brasileiro aumentou de 6,5 quilos por habitante ao ano em 2004 para 10 quilos por habitante ao ano em 2022

Publicado em 23/08/2023

Uma das atividades agrícolas que mais crescem no Brasil, a piscicultura mostra todo seu potencial quando se analisam os números de crescimento. O presidente do International Fish Congress Fish Expo Brasil (IFC Brasil) e membro da coordenação nacional do evento, Altemir Gregolin, comemora os números da piscicultura no Brasil. Segundo ele, o grande responsável por esse aumento é um evento criado pelo MInistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Desde que foi instituída em 2004 a Semana do Pescado, hoje sob organização do setor privado, o setor viu os números crescerem 65%.


Semana do Pescado vai ser realizada em todo o país no período de 1º a 15 de setembro
Semana do Pescado vai ser realizada em todo o país no período de 1º a 15 de setembro

O evento chega à sua 20ª edição com o intuito de ampliar ainda mais o consumo de pescado no Brasil. E em 2023 a Semana do Pescado vai ser realizada em todo o país no período de 1º a 15 de setembro próximo, com o objetivo de é tornar o consumo de pescado uma prática cotidiana do brasileiro.
Segundo Gregolin, dois fatores contribuem neste sentido. O primeiro diz respeito ao fato de a iniciativa, criada pelo governo e, agora, coordenada pelo setor privado, ter se perpetuado por 20 anos. “Só esse fato mostra a importância que o evento tem para o setor e para o aumento do consumo“. O ex-ministro informou que a meta é aumentar em 30% o consumo em relação às semanas normais, com o evento sendo realizado em todos os estados brasileiros. “Descentralizar mais, chegar nos pequenos e médios municípios, dar capilaridade nacional à Semana do Pescado.”

A perspectiva de descentralização vem sendo trabalhada nos últimos três anos. Gregolin observou que na semana deste ano, o objetivo é maior. “Além das capitais, a meta é o interior. Em todos os estados há coordenadores, e as superintendências do Ministério da Pesca estão trabalhando nos estados, bem como as entidades do setor. A ideia é fazer chegar o pescado onde ele não chegava.” Segundo Gregolin, essa possibilidade é maior porque mais empresas entraram no setor e fazem com que o pescado chegue nas pequenas cidades.
Um dos entraves observados nos anos anteriores era que os consumidoresdiziam que não consumiam porque não havia onde comprar. Isso está sendo superado com a ampliação do número de pontos de venda nas cidades onde opescado chega. “O que a gente faz é envolver o setor produtivo, desde a pesca artesanal, que tem capilaridade nacional, a piscicultura, os produtores de camarão, empresas que processam e distribuem. De outro lado, quem faz a venda, que são os bares e restaurantes e a rede de supermercados”. Gregolin lembrou que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) tem 94 mil lojas no país. “Isso é uma capilaridade gigante. Se a gente conseguir mobilizar todo esse contingente, a gente faz o consumo bombar”.

O evento pretende ampliar também as informações para os consumidores,focadas principalmente em qualidade, em saber como escolher as espécies. Ao contrário do frango e do suíno, o pescado tem a particularidade de apresentar uma variedade de peixes. “Um dos entraves para o consumo é que muitas pessoas não sabem escolher, não sabem qual é a espécie, se está boa para o consumo”. Apesar disso, segundo o coordenador do evento, na última década, a qualidade tem melhorado muito porque as empresas têm modernizado os processos e aperfeiçoado a qualidade dos produtos, bem como a fiscalização dos órgãos públicos sobre o pescado tem aumentado.

“Hoje, você tem a segurança de ter um produto de melhor qualidade para o consumo”. Material de propaganda da semana será em todos os estados, nas lojas de supermercados, nos bares e restaurantes, para dar visibilidade ao evento.
O presidente do IFC Brasil destacou que cada região brasileira tem espécies mais consumidas e mais difundidas. Só de peixes de cultivo há cerca de 20 espécies, embora algumas se destaquem entre as demais, como é o caso da tilápia, do camarão, do tambaqui. Ele destacou que o aumento do consumo no mercado brasileiro é relevante não só para a questão da saúde da população, mas também porque puxa para cima a produção. O aumento de 65% no consumo em 20 anos refletiu em expansão de 60% na produção. “E, mesmo assim, esse aumento da produção não atendeu a demanda de pescado”. Peixes como salmão e bacalhau não são produzidos no Brasil, cuja balança comercial é negativa.

Até 2006, a balança comercial era positiva para o Brasil. Ou seja, o país exportava mais do que importava. A partir dessa data, com o aumento do consumo, a balança comercial ficou negativa. Em 2022, o país importou US$ 1,4 bilhão em pescado, contra US$ 300 milhões exportados. “Significa que nós somos um país gigantesco, com infinidade de espécies e um potencial gigante, mas ainda deficitário.”

Gregolin argumentou que se o Brasil aumentar um quilo de pescado por habitante/ano, isso representa 200 mil toneladas de produto processado. “Se a gente for transformar isso em peixe vivo, são 500 mil toneladas a mais que temos que produzir. Veja o potencial gigante do nosso mercado”, disse, lembrando que o Brasil é o quarto maior produtor de tilápia do mundo, atrás da China, Indonésia e Egito.
De acordo com estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), o Produto Interno Bruto (PIB) da aquicultura e da pesca alcança R$ 25 bilhões. Segundo Gregolin, economicamente, ainda é uma fração pequena do PIB nacional, mas tem grande potencial em função da população brasileira.O pescado beneficia toda uma cadeia que engloba mais de um milhão de pescadores, 300 mil aquicultores e gera 16 mil empregos diretos na indústria.

O pico do consumo ocorre durante a Semana Santa, entre março e abril. Depois há queda até agosto ou setembro, quando o consumo de peixe é retomado. A Semana do Pescado foi pensada para alavancar o consumo no segundo semestre. O sonho, porém, é ter consumo o ano todo, externou o ex-ministro da Pesca.
TAGS:
COMENTÁRIOS

O QUE VOCÊ ACHOU DESSE CONTEÚDO? DEIXE SEU COMENTÁRIO...

Assine nossa NEWSLETTER
Notícias diárias no seu email!
Destaques
Assine nossa NEWSLETTER
Notícias diárias no seu email!



Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.