Inflação no mercado de bezerros em 2025 e quem vai pagar a conta da rastreabilidade total

A rastreabilidade traz uma série de benefícios para todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina e não pode ter o seu custo direcionado apenas para o produtor rural
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- Especial para Rural News
Publicado em 21/03/2024

No artigo desta quinta-feira vou tratar de alguns temas relevante para o entendimento do comportamento da cadeia produtiva, do ciclo pecuário e como as movimentações demoram para surtir efeito no mercado, mas em algum momento chegam e atuam sobre a atividade. De maneira mais direta, vou escrever sobre a rastreabilidade bovina, a proposta de ação individual, precificação de animais e os motivos de ter escrito, há semanas, algumas vezes, sobre a queda na oferta de bezerros desmamados em 2025.

Começo trazendo o último tema, já escrevi diversas vezes aqui sobre os abates com SIF no País apontando para expressiva participação de fêmeas em 2024, até o momento mais alto na comparação com o ano passado, que teve um ano de elevação forte nos abates no geral e na participação de vacas e novilhas, dados que foram comprovados pelo IBGE (veja artigos anteriores).

Outra questão que trouxe há um mês foi a utilização de sêmen de reprodutores de gado de corte em 2023, foram 17,062 milhões de doses comercializadas, queda de 5%. Todos esses números levam para um cenário no qual a pecuária de cria fica bem menor e acabam por comprovarem, muito antes do momento, um 2025, provavelmente, 2026 também, muito restrito na oferta de bezerros desmamados. Nas demais categorias, o ciclo pecuário vai tratar de encarecer todos os segmentos, mas para cobrir, necessariamente, os custos de animais jovens bem mais altos.Sobre a rastreabilidade bovina, na última terça-feira, o Ministério da Agricultura recebeu uma proposta de política pública nacional e individual. Foi apresentada pelo Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
A proposta pretende garantir a rastreabilidade e o monitoramento de 100% dos animais que são abatidos, bem como os critérios sanitários e socioambientais, fornecendo as informações de tempo de permanência e local de produção de cada animal ao longo do seu ciclo de vida, ou seja, do nascimento e/ou desmama até o abate.A questão que levanto é em torno do custo de rastreamento da iniciativa que se antecipa a provável exigência de origem de área não desmatada, como já é ensaiada pela União Europeia. E não. Definitivamente não acredito que a China um dia faria tal exigência de “sustentabilidade”, mas creio que usaria o argumento para jogar o preço para baixo.

Enfim, a rastreabilidade traz uma série de benefícios para todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina e por isso mesmo, não pode ter o seu custo direcionado apenas para um segmento da produção. No caso, o produtor rural.

Sobre o autor

Fabiano Reis é jornalista econômico, especialista em Marketing rural e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial. Editor de economia e agricultura do Canal do Boi, onde apresenta o programa AgriculturaBR. É colunista econômico em diversos veículos de imprensa. Professor universitário nos cursos de Administração e Comunicação Social. Palestrante nas áreas de comunicação e agronegócio; Apresentador de eventos e feiras. Publicou os livros Reflexos sobre o nada nos mares do Pantanal, Life Editora, 2011 (livro poesias); A interação da pecuária brasileira, Nelore MS, 2012; Nelore: mostra a força de uma raça, Nelore MS, 2010; O perfil do comércio varejista de carne bovina de Campo Grande-MS, dissertação de mestrado, UNIDERP, 2005; Redação e revisão do livro Organização e Valor para Comércio Varejista de Carne, SEBRAE, 2004.
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