O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), Fábio de Salles Meirelles, alerta que a nova elevação da Selic para um patamar anual perto de 14%, conforme deliberou o Copom nesta quarta-feira (3/08), significa pressão adicional sobre os preços dos alimentos, que já vêm sofrendo aumentos no Brasil e no mundo. “Trata-se de um remédio forte e pouco eficaz para lidar com o processo inflacionário atual, cujas causas estão mais associadas à oferta de matérias-primas e insumos, como energia e petróleo, do que ao aquecimento da demanda. Meirelles acentua que a inflação brasileira, assim como ocorre no mundo, não é um fenômeno de demanda, contra o qual juros altos são eficazes, mas sim de oferta, que exige estímulo à produção. “Para esta segunda causa, não adianta ficar aumentando a Selic. O Brasil está dando dose exagerada de um remédio que traz severos efeitos colaterais. As taxas de juros já subiram muito e agora é momento de aguardar a convergência da inflação a patamares mais baixos”, pondera.
Ademais, o aumento dos juros impacta as expectativas e trava a economia, atingindo de modo direto o agronegócio, que precisa de taxas menores para o financiamento da safra e de atividades pecuárias.
Meirelles frisa que as linhas especiais de crédito do Plano Safra, embora sejam crescentes, são insuficientes para atender todos os produtores. “Pois bem, com a Selic ao redor de 14% ao ano, fica muito difícil, ou até impossível, contratar operações de crédito com taxas de juros livres”, conclui.