Com mais de 320 mil hectares irrigados, estado mira expansão de 40% até 2030, com destaque para a fertirrigação e uso eficiente dos recursos hídricos
Entre 2015 e 2024, a irrigação em Mato Grosso do Sul avançou 63%, reforçando o papel do Estado como destaque nacional na produção de grãos com sustentabilidade. Os dados do Programa Estadual de Irrigação evidenciam o potencial da região em ampliar a agricultura com uso de recursos renováveis.
Conforme informações do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (SIGA-MS), desenvolvido pela Aprosoja/MS em parceria com o Governo Estadual e a Agência Nacional de Águas (ANA), o estado já soma mais de 320 mil hectares irrigados. Desse total, a fertirrigação representa 64%, enquanto os demais sistemas respondem por 36%.
A fertirrigação, aplicada por meio de canhão autopropelido ou carretel, é mais comum na cultura da cana-de-açúcar. Já os pivôs centrais são amplamente utilizados em cultivos anuais, como soja e milho, que juntos correspondem a 73% da área irrigada por esse sistema — aproximadamente 84 mil hectares. Pastagens, arroz e cana completam o quadro. Atualmente, o estado conta com 902 unidades de pivôs centrais em 53 dos 79 municípios.
A ANA e o Programa Estadual de Irrigação projetam que Mato Grosso do Sul tem potencial para ampliar a agricultura irrigada em até 4,7 milhões de hectares. Desses, 1,67 milhão podem ser intensificados com água superficial e outros 2,86 milhões são áreas de pastagem degradada passíveis de conversão.
Gabriel Balta, coordenador técnico da Aprosoja/MS, destaca que a irrigação tem sido crucial para a produtividade estável no estado. “Ela transforma áreas antes inviáveis em terrenos férteis para o cultivo de grãos, garantindo rentabilidade e promovendo o desenvolvimento sustentável em todas as esferas”, afirma.
A tecnologia também tem ajudado produtores a enfrentarem a irregularidade das chuvas, como relata o diretor da Aprosoja/MS, Lucio Damália. Produtor na região sul do estado, ele adotou o sistema de irrigação subterrânea. “Fiquei 84 dias sem chuva. A irrigação não resolve tudo, mas mantém a produtividade. Esse sistema permite fertirrigação com ureia e irrigação total da área”, explica.
Até 2030, o governo de Mato Grosso do Sul pretende ampliar em 40% a área irrigada, com ações como fomento à infraestrutura, crédito via FCO Irrigação, redução de impostos sobre equipamentos e integração entre setor público e privado para difundir tecnologias.
O estado também se beneficia da presença das bacias hidrográficas dos rios Paraná (47,46% da área) e Paraguai (52,54%). Além disso, abriga o Aquífero Guarani, a maior reserva de água doce da América do Sul e uma das maiores do mundo, com cerca de 213.700 km² de extensão no Brasil.