Enquanto o Sul do Brasil é atingido por fortes chuvas e alagamentos do outro extremo do Brasil a situação é o contrário. Na região Amazônica, o cenário é de seca grave, falta de água potável para comunidades e a mortandade de peixes.
Outro fator que acende a luz de alerta é o baixo nível dos rios que afeta a navegabilidade dos navios ao redor de Manaus e também das barcaças que carregam os grãos em direção ao porto.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura, a interrupção do tráfego de navios próximo a oeste de Manaus, capital do Amazonas, especificamente em afluentes superiores do rio Amazonas pode provocar o aumento dos custos das rotas de exportações comerciais da Região Norte e prejudicar o transporte dos grãos, especialmente o de milho. Porém, essa condição será acompanhada pelo órgão.
Por precaução, as barcaças que atravessam o rio Madeira, na altura entre Porto Velho e Itacotiara, operam com uma carga mais reduzida para evitar transtornos. Nesta área, o nível do rio é monitorado por causa da estiagem.
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Agência Nacional das Águas (ANA), publicou ontem (10/10), uma medida que declara que a situação é crítica paraa escassez de recursos hídricos no Rio Madeira, na Amazônia. A medida vale até 30 de novembro de 2023.
Segundo o documento, a decisão segue a orientação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que declarou “reconhecer a severidade da crise hidrológica de seca na Região Norte do país, observada em 2023, especialmente a situação vivenciada na Bacia do Rio Madeira, com risco de comprometer o atendimento aos estados do Acre e Rondônia.”
A agência informou, também, que as três principais estações fluviométricas, no Rio Madeira, estão abaixo da cota em 95% das medições. Na estação de Porto Velho, Rondônia, por exemplo, a cota do rio atingiu o menor nível observado em 56 anos de medições.
De acordo com Fabio Schettino, presidente-executivo da operadora de barcaças Hidrovias do Brasil, não houve registro de impacto em suas rotas ao longo do Tapajós. “ Geralmente, a estação chuvosa começa em novembro, mas podemos observar um atraso”, acrescenta Schettino.
Impactos do fenômeno El Niño na Região Norte do Brasil
De quem é a culpa? O Norte do Brasil enfrenta os impactos do período chuvoso do ano anterior que terminou um pouco mais cedo e atualmente a seca está associada a chuva que ainda não retornou neste mês de Outubro, muito pela influência do El Niño.
” A chuva ainda não retorna no início da segunda quinzena de Outubro. A tendência é que a situação seja revertida no mês de novembro”, analisa a meteorologista Ana Clara Marques da Climatempo.
Na Região Norte, o El Niño desencadeia desafios únicos para o agronegócio. A irregularidade das chuvas, característica desse fenômeno, impacta o transporte das culturas essenciais, como soja, milho, açaí e arroz, afetando não apenas a produtividade, mas também os preços dos alimentos e os custo deste transporte.
A preservação da Amazônia, um pilar da estabilidade climática global, também é uma preocupação central. “Enquanto, o fenômeno El Niño estiver influenciando o clima nos próximos meses, vamos observar períodos de seca podendo avançar até o primeiro trimestre de 2024. Por isso, é tão importante estar atentos aos boletins de clima para próximos 3, 6 meses para desenhar um planejamento das ações a serem tomadas”, analisa o meteorologista Willians Bini, da Climatempo.