A crise de energia que atingiu os principais países produtores e exportadores de fertilizantes e defensivos do mundo também afeta o Brasil já neste ano. É que o país é o quarto maior importador e depende do mercado internacional para suprir a demanda. Apenas em 2020, conforme a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), 85% dos produtos utilizados naquele ano foram importados. Paralelamente, é nacional o quarto lugar no ranking de maior produtor de grãos do mundo, conforme a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). E as notícias para o setor não são nada animadoras. Em novembro, por exemplo, a Rússia, de quem o Brasil importou quase 8 milhões de toneladas de adubos, anunciou que vai limitar as exportações de fertilizantes. No mundo, a escassez encarece as safras, eleva os preços quase que na vertical e trará mais inflação à mesa já em 2022.
Pensando em contribuir para resolver de maneira simples a escassez de produtos, foi lançado, no Brasil, pela Insumo Agrícola, uma plataforma on-line para conexão de produtores rurais, revendedores e fabricantes com foco em fertilizantes e químicos, que conta com 1.200 produtores cadastrados, 350 revendedores e diversos fabricantes parceiros. Em 2021, a plataforma já movimentou mais de R$ 35 milhões. Na nova dinâmica, o revendedor e as cooperativas podem utilizar a plataforma para comprar diretamente de fabricantes. Com o mesmo cadastro conseguem vender a produtores rurais de todo o Brasil. As vantagens se ampliam, também, para o fabricante, personagem que consegue aumentar suas vendas de forma segura, já que são realizadas verificações internas e análises de dados de todos os clientes da plataforma.
"Ele [revendedor ou cooperativa] entra na plataforma, seleciona o produto, forma de entrega, tipo de embalagem, endereço de entrega e lança o pedido. Nós recebemos a demanda e realizamos a ponte com o melhor fabricante para a operação", explica o CEO da empresa, Luca Lachica. Além disso, com a modalidade, revendedores poderão comprar com o melhor preço, recebendo orçamentos de todo o mundo – a nova modalidade é aberta para fabricantes nacionais e internacionais –, e se organizar em grupos para comprar em grande quantidade, reduzindo o valor da compra.
A plataforma reúne todos os caminhos das transações, inclusive oferecendo opções de frete. "São até cinco opções de logística", comenta Lachica. Comprando via plataforma, a procura por transporte é dispensável: na prática, o cliente preenche os campos e a empresa faz o restante, simplificando a compra de insumo; é diferente do formato de compra tradicional, que precisa passar por várias etapas antes de entregar o produto solicitado e nem sempre nas condições ideais do comprador.
Duas empresas de crédito também estão disponíveis para as negociações feitas pelo sistema. Para os pequenos produtores, por exemplo, isso é especialmente vantajoso, já que assim poderá dispensar empréstimos bancários, geralmente de longa duração e com prazo dilatado para liberação dos recursos. "Para o revendedor fazer todo o processo sozinho, é bem complicado ou se torna cansativo, lento e muito oneroso. Se ele encontra uma empresa que faz tudo isso integrado, além de raro, geralmente é muito caro; caso ele realize sozinho, terá de consultar seu banco para conseguir o empréstimo. Esse processo é muito burocrático e demorado. Também seria necessário consultar diversas empresas de frete e logística para encontrar o melhor preço. Seriam aí três empresas ou pessoas, pelo menos. No caso da plataforma, é apenas um único lugar", explica Lachica.
A Insumo Agrícola nasceu em fevereiro de 2020, com quatro sócios-fundadores, deu uma guinada em 2021 quando Luca Olsen e Luca Lachica assumiram como CFO e CEO. A plataforma é paranaense, acessada maciçamente no Brasil e com penetração também na América Latina.