Tarifas americanas afetaram carne, café e açúcar, mas crescimento em outros mercados manteve exportações do agro brasileiro positivas em 2025
Em 6 de agosto, entrou em vigor a tarifa americana adicional de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada em julho. Segundo levantamento da Insper, aproximadamente 21% dos produtos exportados aos EUA e 1,5% do total mundial ficaram isentos, o que ajudou a limitar impactos negativos.
Entre julho e agosto, as exportações do agronegócio brasileiro para os EUA caíram 27,7%. Contudo, na comparação anual, a redução foi de 17,6%. Produtos como carne bovina, café, madeira, açúcar e pescados foram os mais afetados. Apesar disso, o setor registrou crescimento total de 1,5% nas vendas externas, mesmo com queda de 7,8% entre julho e agosto, variação considerada normal para o período.
O impacto limitado sobre o total exportado se deve ao fato de que os EUA representam apenas 7% das vendas globais do agro brasileiro. Em 2024, o Brasil exportou US$ 164,3 bilhões em produtos do setor. Nesse contexto, a China recebeu 31% do total e a União Europeia, 15%. Assim, produtos florestais, café, carne bovina, suco de laranja, açúcar e etanol compuseram os principais embarques para os EUA.
A carne bovina teve queda de 48,7% nas exportações mensais e 51,2% na comparação anual, refletindo a elevação das tarifas de 26,4% para 76,4% fora da cota. No entanto, o volume acumulado em 2025 já supera em 14,4% o total exportado em 2024, com crescimento para destinos como México, Paraguai, Argentina e Rússia.
O setor cafeeiro também sofreu impactos. As exportações de agosto caíram 17,5% em relação a 2024 e 13% em relação a julho. Para a União Europeia, o recuo chegou a 30,3%. Ainda assim, o volume exportado globalmente até agosto somou 149,6 mil toneladas.
Entre os produtos florestais, as exportações de celulose cresceram 29% para os EUA, enquanto a madeira caiu 22%. Além disso, o setor de celulose aproveitou mercados como EAU, Egito, Índia, Argentina e Turquia, alcançando 14,9 milhões de toneladas exportadas, alta de 15,6% em relação a 2024. Por outro lado, o setor madeireiro registrou 5 milhões de toneladas exportadas, menor volume desde 2021, com quedas para China, México e Japão.
Para suco de laranja e açúcar, os efeitos das tarifas foram distintos. O suco, isento da tarifa, aumentou em 30,9% as exportações aos EUA. Em contrapartida, o açúcar, não incluído na isenção, teve queda de 92,6% na comparação anual e 79,5% na mensal.
Portanto, os efeitos das tarifas americanas sobre o agro brasileiro foram heterogêneos. No panorama geral, as exportações cresceram 0,02% entre janeiro e agosto de 2025 em relação a 2024, totalizando US$ 111,7 bilhões. Entretanto, empresas com foco no mercado norte-americano sofreram impactos financeiros significativos. Nesse sentido, acompanhar os dados de exportações será essencial para orientar ações públicas e privadas.