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Risco geopolítico no Oriente Médio deve pressionar inflação, segundo hEDGEpoint

O conflito no Oriente Médio está causando um aumento da volatilidade e da aversão ao risco nos mercados globais, levando a uma queda nas ações e nos mercados de commodities, e a uma alta nos preços do ouro e do dólar

O recente conflito entre Israel e Hamas, um grupo militante palestino, que começou em 8 de outubro de 2023, está resultando, além das lamentáveis perdas humanas, em uma preocupante instabilidade nos mercados, agravando a aversão ao risco.
Uma escalada da guerra pode resultar no envolvimento do Irã, um país com vínculos com grupos extremistas na região. Como um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, o Irã correria o risco de enfrentar um agravamento no embargo ao seu petróleo por parte de países ocidentais, aumentando o custo energético no mercado.
O aumento do custo do petróleo pressionará os preços, pois é um insumo base para o transporte de bens e serviços. Logo, isso será um desafio adicional para os bancos centrais
O aumento do custo do petróleo pressionará os preços, pois é um insumo base para o transporte de bens e serviços. Logo, isso será um desafio adicional para os bancos centrais

Outro risco do conflito pode ser o bloqueio do Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para o transporte de petróleo. A interrupção no fornecimento de petróleo pode exercer pressão sobre a inflação, já que o petróleo é um insumo essencial para a produção e transporte de bens e serviços.
Enquanto isso, o aumento da volatilidade já pode ser observado em diversos índices. O ouro à vista subiu 5,4% na última semana, atingindo US$ 1.931,70 por onça em 13 de outubro. Esse foi o maior ganho percentual semanal desde março. O índice de volatilidade CBOE também subiu, apreciando mais de 10% na semana passada.
Petróleo em alta aumenta riscos à inflação
O Oriente Médio é uma região importante para o suprimento mundial de petróleo, contendo aproximadamente um terço da oferta total de petróleo do mundo, e uma escalada da guerra poderia levar a interrupções no fornecimento de petróleo de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.
"Portanto, a alta dos preços do petróleo é um desafio para as autoridades monetárias que buscam conter a inflação. O petróleo é um insumo essencial para a produção de diversos bens e serviços, incluindo transporte, agricultura e manufatura. Um aumento de preços do petróleo pode levar a um aumento generalizado da inflação, pois os custos de produção e transporte aumentam, o que é repassado aos consumidores", diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.

Além do conflito entre Israel e Hamas, as sanções à Rússia e as medidas da OPEP estão contribuindo para um mercado bastante restritivo de petróleo, aumento os preços das commodities energéticas
Analistas da hEDGEpoint Global Markets

Enquanto isso, os dados de inflação da última semana mostraram que os preços ao consumidor subiram 0,4% em setembro, acima do consenso de mercado de 0,3%. Essa surpresa altista contribuiu para uma maior dissipação da aversão ao risco que tem sido observada.
Além do mais, a perspectiva de que a inflação nos Estados Unidos possa continuar a subir, com novas surpresas altistas, fortaleceu o dólar, impactando negativamente moedas de países emergentes. O setor de serviços dos Estados Unidos continuou a crescer no terceiro trimestre, porém a força do setor está impulsionando os preços a subirem mais rápido, colocando em risco o plano de desinflação do Federal Reserve.
O banco central americano provavelmente precisará manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado, isso se não as aumentar, para conter a inflação, especialmente com componentes voláteis como energia subindo.

"O conflito entre Israel e Hamas adiciona um risco geopolítico significativo aos mercados. Os ativos de risco, como ações e commodities, provavelmente serão afetados, especialmente até que o papel do Irã na guerra fique mais claro. Os dois maiores riscos envolvendo o Irã são uma interrupção no fornecimento de petróleo ao mundo, seja por embargos impostos pelo Ocidente ou por retaliação do Irã obstruindo a passagem do Estreito de Ormuz. Ambas as situações teriam um impacto significativo na economia global", explica.
O analista ressalta que, na história recente, os conflitos no Oriente Médio não se traduziram em um aumento sustentado no preço do petróleo e não causaram interrupções graves no mercado. "No entanto, é importante considerar que o contexto atual é diferente, com a guerra na Ucrânia e a incerteza sobre as ações do Irã na região. O aumento da volatilidade no mercado por conta do conflito no Oriente Médio está sendo absorvido pelos preços do petróleo, que já possuíam fundamentos altistas devido aos baixos estoques e resiliência da economia americana", diz.
Enquanto isso, segundo o analista, custos energéticos mais altos deverão pressionar a inflação, impondo um desafio a mais para as autoridades monetárias, que, apesar do bom trabalho feito até aqui, ainda lutam para controlar os preços.


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