O Paraná está com um terreno fértil para que o seu agronegócio siga no curso do desenvolvimento. Com a realização do Agrohackathon 2022, entre o fim de março e meados de abril, ficou evidente que há uma legião de jovens nos colégios agrícolas e universidades esbanjando entusiasmo para fazer a agricultura e a pecuária avançarem. Na maratona tecnológica, realizada com polos em Curitiba e em Palotina (Oeste), os mais de 160 participantes protagonizaram uma verdadeira tempestade de ideias, para tirar do papel negócios inovadores e sustentáveis.
A maratona tecnológica foi uma iniciativa do Centro de Economia Aplicada, Cooperação e Inovação (CEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com realização do Sistema FAEP/SENAR-PR e Agrociência Cooperativa. Na abertura oficial do evento, dia 9 de abril, o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, enfatizou o apetite dos jovens pela inovação.
“Envolver as novas gerações para pensar em soluções para os gargalos do campo é fundamental para o desenvolvimento de nossos negócios nas mais diversas cadeias produtivas da agropecuária. Tivemos a chance de ver grandes ideias nascendo que, em breve, estarão à disposição no mercado para serem utilizadas pelos produtores rurais”, apontou Meneguette.
Amadeu Bona Filho, coordenador do Departamento de Ciências Agrárias da UFPR, destacou o clima de coletividade, não apenas de competitividade, em eventos como a maratona tecnológica. “Há um enriquecimento não apenas técnico, propriamente dito, mas pessoal também, de relações humanas”, disse. “Quero agradecer de forma enfática a Federação da Agricultura do Estado do Paraná que tem contribuído com a Universidade Federal do Paraná neste e em outros projetos”, completou.
Para o coordenador do Agrohackathon, Gilson Martins, foi um orgulho ter tido a chance de caminhar junto aos jovens em todas as etapas do evento. “Meu agradecimento vai principalmente para os competidores, não apenas a aqueles que ficaram em primeiro, segundo ou terceiro. Isso não é mais importante, até porque somos todos vencedores no nosso evento”, analisou. “É sempre importante vocês [estudantes] se lembrarem que por trás de um evento como este existe um movimento muito grande, de pessoas e de entidades, para transformar o modo de a gente pensar e de se fazer a inovação”, acrescentou.
Edição 2022
A maratona tecnológica 2022 teve o objetivo de propor soluções diante de problemas apresentados dentro e fora da porteira do campo paranaense. Nesse ano, o evento teve foco na gestão de riscos no setor agropecuário. De forma simultânea, as atividades aconteceram em duas frentes, uma na capital paranaense e outra no Oeste do Estado. No total, 97 participantes integraram o grupo que se reuniu em Palotina e 64, em Curitiba.
A primeira etapa do evento envolveu duas AulasCast (remotas), que abordaram “Processos de Inovação” e “Gestão de Riscos Rurais”. As aulas foram realizadas, respectivamente, nos dias 29 e 31 de março, com a intenção de promover um nivelamento dos estudantes sobre as temáticas envolvendo desenvolvimento de soluções e seguro rural.
Depois das aulas, tanto os participantes da Região Metropolitana de Curitiba quanto do Oeste participaram, no dia 8 de abril, de visitas a propriedades rurais na Lapa e em Palotina. Depois disso, nos dias 9 e 10 de abril, os estudantes colocaram a mão na massa para enfrentar o desafio de sugerir soluções para problemas reais propostos pela organização do Agrohackathon. Para auxiliar nas etapas do desenvolvimento dos projetos haviam mentores, incluindo técnicos do Sistema FAEP/SENAR-PR.
A última etapa foi um pitch (apresentação) final realizado de modo híbrido (virtual e presencial), transmitido ao vivo pelo YouTube. Formou-se uma rede entre Palotina, Curitiba e a residência de alguns dos participantes que não puderam participar presencialmente.
Equipes finalistas da região Oeste do Paraná
Seis equipes finalistas tiveram um tempo cronometrado para apresentar seus projetos e responder a perguntas dos avaliadores. A ordem de apresentação das ideias foi definida por sorteio. A soma das notas foi feita na hora pela organização e os vencedores divulgados logo após o término das apresentações. Para conferir o vídeo completo, acesse o canal do YouTube do Agrohackathon 2022.
Para a gerente do Departamento de Tecnologia da Informação (TI) do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ieda Donada, é importante olhar para as ideias de todos os projetos, não apenas dos finalistas. “Tivemos ideias ótimas, para além dos finalistas. O empenho de cada um precisa ser enaltecido. Inclusive, os integrantes de uma equipe que não esteve na final já foram contatados por uma seguradora para seguir no desenvolvimento do projeto. O balanço do Agrohackathon não poderia ter sido mais proveitoso”, comemorou Ieda. Em Curitiba, outras três equipes foram finalistas
Realização e apoio
A iniciativa do Agrohackathon é do Centro de Economia Aplicada, Cooperação e Inovação (CEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com realização do Sistema FAEP/SENAR-PR e Agrociência Cooperativa. O evento teve ainda apoio de: Cooperativa Sicredi Vale do Piquiri, Mapfre Seguradora, BrasilSeg Seguros, Sistema Ocepar, Agência Alemã de Desenvolvimento (GIZ), C Vale, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná (SEAB), Secretaria da Educação e do Esporte (Seed), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Embrapa Agricultura Digital, Sindicato Rural da Lapa, Sindicato Rural de Palotina e Sindicato Rural de Assis Chateaubriand.
Confira os vencedores e seus projetos
1º lugar – Equipe Easy Fish
Josiane Mariane Batista, Karina Pereira dos Santos, Michele de Oliveira Elias, Nathani Cremon e Victor Hugo Concolato Neves.
Projeto: propôs o desenvolvimento de um elevador móvel para despesca parcial em tanques escavados que pode ser acoplado em tratores. A iniciativa promete diminuir a mortalidade de peixes pela técnica de despesca de arrastão e economizar água, sem a necessidade de secar os açudes para a captura dos pescados. Além disso, outro benefício é a redução do estresse no cardume, o fim do trabalho manual e os prejuízos causados pela técnica tradicional que proporciona o sufocamento de parte dos peixes na lama.
2º lugar – Equipe Agrobrain
Geovanna Kasemirinski da Silva, Maxwell Ripplinger Oliveira, Moises Knaut Tokarski, Pedro Boareto e Renata de Ferreira Bandeira.
Projeto: plataforma digital capaz de atender produtores rurais e corretoras. A ideia é disponibilizar aos agropecuaristas a possibilidade de comparar benefícios oferecidos por diferentes companhias de seguro. Ao mesmo tempo, as seguradoras também teriam acesso a um banco de dados com detalhes capazes de facilitar a comercialização de apólices. Interligação com bancos de dados de produção, produtividade, clima, entre outros dados, também fariam parte do sistema.
3º lugar – Equipe Iagro
Diego Siedel Bertolini, Felipe Messias Priotto, Jamile Armstrong Rodrigues, Leopoldo Luiz Gubert Filho e Lorenzo Mesadri.
Projeto: direcionado à questão da peritagem, um dos gargalos das seguradoras brasileiras. O projeto foca em resolver questões como ineficiência estratégica, custos com peritos, sazonalidade na demanda e falta de informação. Uma plataforma digital teria a possibilidade de atuar em questões como redução de custo, otimização e orientação da estratégia operacional, além de fazer um mapeamento de onde estão os peritos. Além disso, a ferramenta prevê a redução de risco jurídico e maior satisfação do cliente.