Safra de café 2025 tem menor rendimento e desafios para 2026 devido a chuvas irregulares, geadas e granizo
Durante o 7º Fórum Café e Clima, realizado em Guaxupé (MG) pela Cooxupé, especialistas apresentaram os impactos climáticos nas lavouras de café e as previsões para a colheita de 2026. O evento reuniu pesquisadores e técnicos para discutir estratégias diante das adversidades enfrentadas na safra de 2025.
Segundo Guilherme Vinicius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, a safra começou a se formar em 2023, mas a florada atrasou devido à demora nas chuvas, que só chegaram em outubro de 2024. Entre fevereiro e abril, a redução da precipitação prejudicou a granação, afetando o peso e a densidade dos grãos. Assim, o rendimento final foi menor, e os produtores precisaram processar mais café para obter o mesmo volume beneficiado.
Além disso, o déficit hídrico prolongado aumentou a queda de chumbinho e gerou maior incidência de café moca, grãos menores e de menor qualidade. Teixeira destacou que eventos de granizo e geada, principalmente na média mogiana paulista e no Sul de Minas, também impactaram a produção.
Para 2026, o especialista prevê desafios devido ao atraso das chuvas, que reduziram o crescimento dos ramos e, consequentemente, o potencial produtivo. Lavouras de sequeiro registraram média de 11 nós e irrigadas, 14. Por outro lado, como a colheita da safra 2025 ainda ocorre em algumas regiões, é cedo para estimar o volume final, mas já se espera impacto na produtividade.
Em contrapartida, projeções para 2027 indicam chuvas mais precoces, podendo favorecer um início antecipado do ciclo vegetativo e maior potencial produtivo, desde que as condições climáticas se mantenham favoráveis.
Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, destacou que o ciclo 2025/26 apresenta condições melhores que 2024. "As chuvas devem chegar mais cedo, criando ambiente mais úmido para a florada", disse. Ele reforçou que temperaturas mais amenas e estáveis, associadas à possível La Niña em novembro, podem favorecer peso e produtividade dos grãos.
No entanto, alertou para múltiplas floradas, que não afetam a produtividade, mas podem comprometer a qualidade. Assim, o acompanhamento próximo das lavouras continua essencial.
O professor José Donizeti Alves, da UFLA, reforçou que atenção às quatro fases do café — vingamento, chumbinho, expansão dos frutos e granação — é crucial. Ele recomendou antecipar ações de manejo e aprofundar o sistema radicular para que as raízes acessem água em camadas mais profundas, reduzindo o estresse hídrico e estimulando um ciclo produtivo mais eficiente.
Para 2026, Alves destaca a importância do manejo preventivo e sustentável, garantindo que a planta suporte variações climáticas e mantenha a produtividade, mesmo diante de intempéries.