Tarifa de 50% sobre arroz brasileiro imposta pelos EUA ameaça competitividade e pode provocar prejuízos à indústria nacional
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) demonstrou preocupação com os efeitos do novo decreto do governo dos Estados Unidos, que passou a vigorar nesta quarta-feira (6) e impõe uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo o arroz beneficiado.
Segundo a entidade, essa medida compromete a presença brasileira em um dos mercados mais estratégicos para o escoamento do grão. Em 2023, os Estados Unidos foram responsáveis por 13% do valor exportado de arroz branco brasileiro, justamente a variedade de maior qualidade e valor agregado. De 2021 a 2024, as exportações para o país cresceram mais de 50%.
A relação comercial entre os dois países foi construída com base em investimentos contínuos em promoção e qualidade. Como resultado, o arroz beneficiado brasileiro conquistou reconhecimento no mercado norte-americano, com retorno compatível ao seu valor agregado.
Além disso, o consumo nos EUA mostra um potencial ainda maior para absorver volumes superiores do produto, o que favoreceria a ampliação dos negócios bilaterais. No entanto, esse cenário positivo está agora sob ameaça.
Embora os Estados Unidos tenham maior facilidade para substituir o arroz brasileiro por outros fornecedores, o Brasil depende desse canal para escoar cerca de 10% de todo o arroz beneficiado que produz. Esse percentual é especialmente relevante diante do atual equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno.
A nova tarifa, portanto, afeta diretamente a sustentabilidade da cadeia produtiva nacional. Sem acesso competitivo ao mercado norte-americano, o excedente de arroz pode pressionar os preços internos e comprometer a viabilidade econômica do setor.
A Abiarroz estima que a indústria brasileira de arroz pode perder até US$ 25 milhões por ano com a nova tarifação. Para o setor, que já enfrenta margens apertadas e desafios logísticos, esse impacto representa um retrocesso significativo nas conquistas obtidas nos últimos anos.
Além disso, o longo prazo preocupa ainda mais: o acúmulo de excedentes no mercado interno pode gerar distorções nos preços, afetando produtores, beneficiadoras e exportadores.
Diante desse cenário, a Abiarroz reforçou o apelo para que o governo brasileiro adote uma postura firme nas negociações diplomáticas com os Estados Unidos. A entidade defende uma condução altiva e cautelosa, que leve em consideração a vulnerabilidade de setores como o arrozeiro.
A associação também reafirma seu compromisso com a manutenção do arroz brasileiro em mercados estratégicos, atuando em defesa da competitividade e da sustentabilidade da cadeia orizícola nacional.