CPA 2025/26 revela aumento de custos e queda nas margens, mas aponta eficiência e gestão como caminho para manter a viabilidade no agro
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) apresentaram os resultados do Projeto CPA – Custo de Produção Agropecuária da safra 2025/26.
O evento foi realizado em Cuiabá, no auditório da Famato, em formato híbrido, já que também contou com transmissão online. Mais de 50 pessoas participaram, entre produtores, técnicos, lideranças e representantes da imprensa.
Atualmente, o CPA acompanha 12 atividades agropecuárias em Mato Grosso, com base em 57 painéis modais. Entre outubro de 2024 e agosto de 2025, foram revisados 32 painéis. Desse total, nove foram de soja e milho, três de algodão, seis da pecuária de corte, três da pecuária de leite e três da suinocultura.
Outras cadeias, como cana-de-açúcar, eucalipto, feijão, gergelim, peixe redondo e teca, tiveram um painel cada. Além disso, a edição atual trouxe a inclusão da apicultura e da cafeicultura, o que amplia a abrangência do levantamento.
Na abertura, o superintendente do Senar-MT, Marcelo Lupatini, destacou que o CPA traduz a realidade dos produtores. Ele explicou que os dados sobre custos e rentabilidade são fundamentais, pois auxiliam na tomada de decisão. Além disso, reforçam a missão do Senar-MT de apoiar a gestão, a capacitação e o desenvolvimento sustentável das famílias rurais.
O coordenador de Inteligência de Mercado do Imea, Rodrigo Silva, reforçou a confiabilidade dos resultados. Segundo ele, meses de levantamento e validação junto a produtores e especialistas garantem credibilidade ao estudo. Assim, o CPA já é considerado referência nacional quando o assunto é custo de produção.
Rodrigo Silva também enfatizou a ampliação do projeto. Pela primeira vez, a pesquisa incluiu painéis de cafeicultura e apicultura. Em Colniza, por exemplo, o painel de café estimou custo médio anual de R$ 11.416,36 por hectare. Já a apicultura trouxe indicadores inéditos para o estado. Dessa forma, o CPA reforça o compromisso de retratar não apenas grandes culturas, mas também cadeias emergentes com relevância econômica e social.
Os analistas do Imea, Abraão Viana e Milena Habeck, detalharam os principais resultados. O estudo mostrou elevação dos custos de insumos, como fertilizantes e defensivos. Na soja, o custo total da safra 2025/26 atingiu R$ 7.657,89 por hectare, aumento de 7,69% em relação ao ciclo anterior. O milho também apresentou avanço, com alta de 9,69% e custo de R$ 6.684,91 por hectare.
No entanto, as margens de rentabilidade caíram em todas as principais culturas. A soja, que em 2024/25 teve Lajida de R$ 1.961,45 por hectare, deve recuar 43,76%, para R$ 1.103,03. O milho terá queda de 47,86%, com Lajida estimado em R$ 515,60 por hectare. Por outro lado, o algodão continua se destacando. Apesar da redução projetada de 33,61%, a cultura segue como a mais atrativa da segunda safra, com Lajida de R$ 4.097,35 por hectare.
Mesmo com custos maiores, os números do CPA mostram que as principais cadeias mantêm viabilidade econômica. Na soja, o ponto de equilíbrio em 2025/26 será de 52,49 sacas por hectare. Como a produtividade projetada é de 60,45 sacas, o produtor ainda terá margem de 7,96 sacas sobre o custo operacional efetivo.
O milho segue a mesma tendência. A estimativa é de 116,61 sacas por hectare, número que supera o ponto de equilíbrio de 107,29 sacas. Portanto, a atividade permanece sustentável, mesmo diante da pressão dos custos.