Diagnósticos e avaliações recentes da problemática regional brasileira foram temas debatidos no seminário Desenvolvimento Regional no Brasil: Desafios e Possibilidades para uma Agenda de Inovação e Sustentabilidade Ambiental, promovido pelo
Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) em parceria com o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos dias 3 e 4 de outubro. A abertura do evento contou com a participação do ministro do MIDR, Waldez Góes, da presidenta do Ipea, Luciana Mendes Santos Servo, além de especialistas da academia e gestores de diversas áreas dos governos federal e subnacionais.
Na mesa inaugural, foi lançada a publicação do livro "Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas", uma obra produzida pelo Ipea e o MIDR. Os debates se basearam na publicação que apresenta uma série de estudos que exploram o histórico de desafios enfrentados pelo Brasil, abordando crises políticas, econômicas, ambientais e sanitárias que têm impactado a implementação de políticas públicas, especialmente as relacionadas a questões territoriais.
Em sua fala, o ministro Waldez Góes, destacou a importância do debate e a importância do livro, afirmando que o Brasil precisa de uma abordagem integrada para enfrentar desafios como as desigualdades regionais e as mudanças climáticas. Ele enfatizou a necessidade de políticas de desenvolvimento regional que levem em conta as características e necessidades específicas de cada área do país, baseadas em pesquisas e conhecimento aprofundado. “Até o ano passado vivemos uma fase de descontinuidade de políticas, do pensamento e da ciência”, disse Góes. Para o ministro, este é o momento de unir esforços e trabalhar para enfrentar os problemas do país.
A presidenta do Ipea também enfatizou a importância da discussão sobre desenvolvimento regional, integrada à sustentabilidade ambiental e à inclusão social, como um componente essencial para o desenvolvimento do Brasil. “Precisamos pensar a industrialização sobre novas bases”, mencionou Servo. Ela também destacou que o governo atual trouxe de volta a centralidade do desenvolvimento inclusivo e sustentável no debate público. “Esse seminário marca a retomada da discussão sobre desenvolvimento e integração regional, que é uma agenda central para o Ipea. Temos que discutir isso em uma perspectiva integrada com a sustentabilidade ambiental e com as questões de inclusão social”. Servo comentou que a publicação do livro é um terceiro volume de uma série iniciada em 2017.
O evento também contou com a presença do presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira, que salientou a importância dessas discussões para a elaboração de políticas públicas eficazes.
Segundo o diretor de Promoção do Desenvolvimento Sustentável da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Aharon Alcolumbre, o seminário traz subsídios para a realização, em 2025, da COP30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), na cidade de Belém (PA). “Este evento vai auxiliar muito a gente a melhorar a nossa performance para atender as pessoas que vêm do mundo todo para participar da COP. A Amazônia está no foco do mundo. Estamos buscando se aproximar o máximo possível do discurso do presidente Lula e do que o mundo espera da Amazônia”, afirmou.
O superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral, observou que o Brasil perdeu, nos últimos anos, a capacidade de formulação de políticas públicas com foco no desenvolvimento regional. “Nos últimos quatro anos, a gente viu os instrumentos de planejamento, assim como todo um conjunto das políticas do nosso país, serem sucateados. E estamos agora em momento de reconstrução do Brasil, de um novo projeto nacional de desenvolvimento, que está sendo implantado pelo presidente Lula”, apontou.
O chefe de gabinete da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Rafael Henrique Severo, também destacou a importância do seminário. “Entender qual é essa nova trajetória da reconfiguração territorial das atividades econômicas e produtivas, a fim de que possamos sempre estar atentos à execução de políticas públicas e investimentos baseado em evidências”, comentou. Estiveram presentes ao primeiro dia do evento o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, e a assessora institucional do Banco da Amazônia, Creulucia Alves.
A primeira mesa de debates do evento teve a apresentação do diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), Aristides Monteiro Neto, que também é um dos organizadores do livro, apresentou o painel “Políticas territoriais em tempos de múltiplas crises”.