Levantamentos realizados pelo Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa), na Argentina permitiram detectar, nos últimos dias, focos de tucuras ou gafanhotos, nas localidades de Campo Viera e Itacaruaré, província de Misiones. As tarefas realizadas pelos agentes do Centro Regional Corrientes-Misiones do órgão nacional detectaram tucuras, principalmente do gênero Zoniopoda e da espécie Chromacris speciosa, ou seja, não é a lagosta sul-americana (Schistocerca cancellata), espécie praga para a qual persiste uma emergência. regional e que esteve presente este ano na província de Corrientes.
Até o momento, esses insetos foram observados em três fazendas no município de Campo Viera e em uma em Itacaruaré, sem relatos de grandes danos às árvores de erva, sendo detectados principalmente em ervas daninhas e árvores de grande porte, relatou a Senasa. O órgão argentino solicitou aos produtores que relatassem imediatamente a detecção ou suspeita da presença do inseto em seus campos, por meio do telefone gratuito.
Caracteristicas
A espécie com maior densidade corresponde a Zoniopoda tarsata, categorizada como uma praga ocasional de importância local e que foi previamente registada na província de Misiones. Seu comportamento gregário permite observar numerosos grupos de insetos em certas áreas, mas sua capacidade de movimento não tem comparação com as mangas de lagosta migratória.
É uma espécie normalmente detectada pelo Senasa em ações de monitoramento de lagostas e outras tucuras no Noroeste da Argentina. A praga costuma estar associada à vegetação espontânea, com registros de danos ao fumo e à alfafa, portanto, ao detectar a praga, é importante consultar profissionais das ciências agronômicas que poderão determinar se vale a pena implementar ações de controle para proteção das lavouras, de acordo com o atendimento à legislação em vigor.
Casos no Brasil
Aqui no Brasil, o governo do Rio Grande do Sul informou que a nova infestação chegou a fronteira com as cidades brasileiras de Rincão Vermelho e Porto Xavier, no estado do Rio Grande do Sul. A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Rio Grande do Sul iniciou, nesta semana investigação sobre surtos de gafanhotos na região noroeste do estado. As informações de ocorrência partiram dos produtores, sindicatos rurais e entidades da região.
"Estamos averiguando a situação, mas, segundo as informações obtidas, não se tratam de gafanhotos migratórios da espécie Schistocerca cancellata. A ocorrência de surtos de gafanhotos de diversas espécies é esperada devido às condições climáticas e a época do ano", tranquiliza o agrônomo Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr. Conforme Felicetti, os levantamentos preliminares indicam infestações descentralizadas, não passíveis de formação de nuvens. A suspeita é que se trata de uma espécie endêmica e comum.
"A preocupação maior é a ocorrência de surtos de Schistocerca cancellata, já que o potencial de infestação e danos é maior. Há equipes diligenciando a região para o monitoramento e orientação aos produtores. A secretaria está avaliando as medidas necessárias de resposta, havendo necessidade", explica.
O agrometeorologista da Climatempo , João Castro explica que as condições do tempo entre hoje (03) e nos próximos dias não são favoráveis para o deslocamento desta espécie. Após as chuvas, a tendência é que o tempo fique firme no Rio Grande do Sul, o vento vai virar para sul/sudeste o que não favorece o deslocamento. Com o tempo aberto, os trabalhos de combate a espécie na fronteira ganham força e possivelmente já serão eliminados