Com acesso gratuito ao público, o aplicativo Siflor Cerrado disponibiliza por geolocalização informações para um planejamento florestal mais eficiente, adoção da integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e menor risco para o monocultivo florestal no bioma.
A partir de mapas temáticos são disponibilizadas informações de tipo de solo, textura de solo, vegetação, uso do solo, silvicultura entre outros temas que podem auxiliar de forma estratégica na definição da espécie florestal ou clone, assim como no sistema de cultivo a ser implantado na propriedade.
O bioma Cerrado ocupa aproximadamente 20% do território brasileiro, tendo como características, de forma geral, topografia plana facilitando a mecanização. No entanto, apresenta solos de baixa fertilidade natural e períodos longos com déficit hídrico, o que dificulta seu uso para atividades agropecuárias e florestais.
O Siflor, então, apoiará a cadeia de produção de florestas comerciais no bioma Cerrado com recomendações sobre classes de aptidão de espécies e clones, dados climáticos e mapas temáticos (tipos de solo, textura, vegetação e uso), além de viveiros comerciais devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Fabiana Vila Alves, explica que todas essas informações estarão disponíveis por geolocalização e na palma da mão via aplicativo para produtores rurais e profissionais ligados à cadeia de florestas comerciais.
“A ferramenta é de extrema importância para a tomada de decisão, diminuindo o risco e aumentando a qualidade dos sistemas de cultivo implantados nas propriedades. Aliado à ajuda de técnicos, cuja consulta será sempre estimulada, o sistema visa que as plantações florestais no Brasil tenham produtividade ainda mais reconhecida pela sustentabilidade ambiental, econômica e social”, acrescentou.
O aplicativo reúne 88 espécies florestais e clones já testados na prática. Assim, as recomendações são baseadas em prospecções de campo das espécies florestais alvo do Projeto Siflor Cerrado. Foram amostradas cerca de 1.800 parcelas em propriedades rurais localizadas no bioma, destas foram avaliadas quantitativamente e qualitativamente 88 espécies florestais e clones de Eucalipto, Pinus, Cedro australiano, Mogno africano e Teca.
As espécies florestais e clones são recomendadas conforme as classes de aptidão: apto superior; apto; apto com ressalva e inapto. Com base nessa classificação a decisão do produtor fica mais fácil e com menos riscos à produção.
“Isso agiliza o trabalho do produtor, que pode potencializar a produtividade na sua área”, ressaltou a professora Luciana Duque Silva, do departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP e coordenadora do projeto.
O SiFlor Cerrado é fruto de um convênio celebrado entre o Mapa e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), e tem como parceiros realizadores a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), a Triângulos Tecnologia e a Lang Technologies. Além disso, recebe apoio técnico da Embrapa Agricultura Digital.
O sistema recebeu apoio financeiro e reconhecimento do Mapa como uma inovação tecnológica que visa promover uma agropecuária brasileira sustentável. Além disso, é alinhado ao Plano Setorial do ABC+, que fomenta a adoção de plantios florestais em três diferentes modalidades: integração lavoura-pecuária-floresta, sistemas agroflorestais e monocultivos florestais. Ao ofertar informações sobre o solo do bioma Cerrado, o sistema se conecta também com o maior programa de investigação do solo brasileiro, o PronaSolos.
O Siflor Cerrado ainda será incorporado a projetos apoiados pelo Mapa, com atuação no Cerrado. O Programa Rural Sustentável Cerrado e o FIP Paisagens Rurais são exemplos desses projetos cujos propósitos são a promoção de tecnologias de baixa emissão de carbono e a recuperação ambiental.