Trigo em São Paulo pode ter safra recorde em 2025, com clima favorável e custos menores com defensivos
A produção de trigo em São Paulo em 2025 pode alcançar 340 mil toneladas, conforme estimativa da Câmara Setorial do Trigo. A projeção sinaliza uma das melhores safras dos últimos três anos. O cenário positivo foi debatido durante reunião realizada nesta quinta-feira (31), em Pilar do Sul, com participação de representantes da cadeia produtiva, da consultoria Lastro e da StoneX.
De acordo com José Reinaldo Oliveira, vice-presidente da Câmara Setorial, o clima neutro favoreceu diretamente o desenvolvimento das lavouras. Como resultado, houve redução na incidência de doenças, o que diminuiu o uso de defensivos e elevou a sanidade das plantas.
Além disso, em áreas irrigadas ou com melhor manejo, a produtividade tende a ser ainda maior. Dessa forma, a produção total de trigo em São Paulo pode ultrapassar a marca das 340 mil toneladas.
No entanto, nem tudo são facilidades. Apesar do bom desempenho no campo, os produtores enfrentaram altos custos de produção e juros elevados no crédito rural. Por esse motivo, muitos optaram por culturas alternativas ou até desistiram de plantar trigo nesta temporada.
Durante a reunião, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai Filizzola, destacou a importância da articulação do setor. Segundo ele, as câmaras setoriais garantem decisões mais rápidas e eficazes, pois reúnem todos os elos da cadeia.
Filizzola também apontou que o agronegócio impulsiona o crescimento econômico paulista. “Em 2025, o agro cresceu 8%, enquanto os serviços subiram 3% e a indústria apenas 0,9%”, observou.
Mesmo com uma colheita promissora, os preços do trigo devem continuar pressionados. O analista Jonathan Pinheiro, da StoneX, explicou que 80% da safra global está sendo colhida agora, o que amplia a oferta mundial e pressiona as cotações.
Outro fator que preocupa é a presença de estoques elevados na Argentina, principal fornecedora do Brasil. Com isso, mesmo que a produção nacional recue, o volume de importações deve crescer, o que limita a recuperação dos preços internos. Além disso, a variação cambial pode tornar o trigo estrangeiro mais competitivo.
Como alternativa para reduzir custos, os consultores Gustavo Venâncio e Viviane Morales, da Lastro, apresentaram estratégias fiscais. Um dos destaques foi a possibilidade de recuperação de ICMS para produtores com CNPJ e inscrição estadual.
Esse crédito se aplica à compra de insumos, embalagens e até combustível. Por exemplo, em uma aquisição de R$ 10 mil em fertilizantes, o produtor pode recuperar cerca de R$ 400. No caso das sacarias, o valor chega a R$ 1.800.
Embora o recurso não seja devolvido em dinheiro, ele pode ser usado para abater pagamentos a fornecedores, desde que haja autorização da Secretaria da Fazenda. “Essa medida ajuda a melhorar o fluxo de caixa e dá mais segurança para novos investimentos”, afirmou Viviane.