INÍCIO AGRICULTURA Trigo

Seminário abordou cenário do trigo no mundo e reflexos no Brasil

Em um momento estratégico para a cultura do trigo no país, o evento discutiu temas pertinentes à cadeia tritícola, como as perspectivas para o cereal na próxima safra, tecnologias no campo e o manejo racional de fertilizantes

Em meio ao atual contexto sócio-político mundial, envolvendo o conflito entre Rússia e Ucrânia, o qual traz para o centro das discussões a temática da segurança alimentar, a safra de trigo de 2022 ganha ainda mais destaque no Brasil. As incertezas geradas pelo conflito entre os dois países já trazem impactos sobre as exportações e o preço do cereal no mundo. E as consequências, é claro, também se estendem ao Brasil. “Grande parte do trigo que o Brasil compra vem da Argentina. E como ela disputa os mesmos mercados que a Rússia e Ucrânia, quando os preços desses países sobem, os da Argentina acompanham esse movimento. Consequentemente, o trigo importado chega muito mais caro nos portos brasileiros”, explica o gerente de relacionamentos da hEDGEpoint Global Markets, Roberto Sandoli.
O contexto do trigo no mundo e os reflexos no mercado brasileiro foram tema do Seminário Técnico do Trigo 2022, realizado nessa quinta-feira (7). O evento, promovido pela Biotrigo Genética, em Campo Mourão (PR), reuniu cerca de 350 pessoas, entre técnicos, cerealistas, produtores de sementes, multiplicadores e triticultores do Paraná, São Paulo, Cerrado e Paraguai. De acordo com Sandoli, um dos palestrantes do evento, a próxima safra de trigo representa uma ótima oportunidade de aumento de área para o país. “No mercado interno, se o produtor semear trigo, os moinhos deverão dar liquidez, pois eles têm mais segurança em comprar um trigo no mercado nacional do que importado. A perspectiva é que os preços continuem firmes e que realmente seja rentável para o agricultor”, aponta.

Estabilidade, produtividade e qualidade em pauta
Estabilidade, produtividade e qualidade em pauta

Uma das principais preocupações dos produtores, que também foi amplificada com os conflitos na Ucrânia, é a originação e precificação de fertilizantes. Com isso, tanto para a safra de inverno, quanto para a safra de verão de 2022/23, é fundamental a realização de um manejo racional de insumos. Esse, inclusive, foi outro tema abordado durante o evento. Segundo o doutor em Agronomia e professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marcelo Augusto Batista, o uso racional dos fertilizantes é importante para uma maior eficiência neste momento, em que há escassez e custo elevado desses produtos no mercado. “Muitas vezes, existe a inadequação nas fontes usadas, formas de aplicação, épocas de aplicação, e tudo isso influencia na eficiência. Tentamos sempre instruir a como, qual e quanto fertilizante utilizar”, conta. Contudo, para Marcelo, a safra de trigo de 2022 não deve representar problemas para os produtores em relação aos insumos. “Eles já foram comprados e entregues”, indica.


Experiência internacional aplicada no Brasil
Outra palestra realizada no Seminário Técnico do Trigo 2022 teve como temática o uso de mix de cultivares de trigo para a produção de grãos. Rômulo Lollato, PhD em Fitotecnia pela Universidade de Oklahoma e professor associado da Kansas State University (EUA), dividiu a experiência daquela e de outras regiões com essa tecnologia, consolidada no mercado norte-americano há mais de duas décadas, especialmente na região do Kansas. “Desde os anos 2000 o percentual de área semeada na região com mixes de cultivares tem se mantido em torno de 9 a 13%”, destaca. De acordo com Lollato, a razão para tal estabilidade na área de trigo com mixes se dá por algumas vantagens que o produtor observa no uso da tecnologia em comparação com cultivares isoladas. “O principal benefício é a estabilidade de rendimento. Em anos que uma cultivar individual acabe perdendo em produção por um fator ou outro, o mix vai agir como um efeito tampão, fazendo com que essas perdas de rendimento não sejam tão grandes na mistura quanto na variedade individual”, pontua. Quanto à produtividade, Rômulo ainda ressalta que os mixes têm uma tendência de produção igual ou maior em comparação aos seus componentes isolados.

Estabilidade, produtividade e qualidade em pauta

Estabilidade, produtividade e qualidade em pauta

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