O excesso de chuvas,
induzido pelo El Niño na última safra, ocasionou perdas na produção de grãos e
forragens na Região Sul. Além de perdas quantitativas, o setor sementeiro
avalia agora as perdas qualitativas, já que muitas áreas de multiplicação não
atingiram os parâmetros específicos para a comercialização de sementes.
No trigo, a quebra na produção de sementes chegou a
50% no Rio Grande do Sul. Segundo a Apassul, para a safra 2024, estarão
disponíveis 138 mil toneladas de sementes certificadas de trigo, volume
suficiente para abastecer uma área de cultivo próxima a um milhão de hectares
no RS.
“No ano passado, a taxa de uso de semente
certificada foi de 58% no RS. A supersafra de 2022, tanto em produtividade quanto
em qualidade, foi um estímulo ao agricultor para guardar semente para 2023. Na
contramão, no ano de 2023 tivemos uma das piores safras de trigo, considerando
que o agricultor não possui equipamentos específicos para produção de sementes,
teremos redução significativa de grãos salvos”, explica o diretor executivo da
Apassul, Jean Cirino.
Para estimar os impactos de um possível aumento no
preço das sementes nesta safra, em função da oferta menor do que a demanda, a
equipe de transferência de tecnologias da Embrapa Trigo consultou algumas
cooperativas gaúchas e avaliou que, dentro das planilhas de custos de produção,
o preço do saco de sementes de trigo 40 kg está variando de R$ 130 a R$ 150,
pouco acima dos R$ 120/sc praticados na safra passada.
“Na safra 2023, houve
uma grande oferta de sementes no mercado que causou a queda nos preços. Neste
ano, a oferta de sementes é mais restrita, a relação oferta-demanda está bem
ajustada”, observa Jean Cirino.
No Paraná, a quebra está estimada em 20%,
contabilizando que deixarão de entrar no mercado cerca de 30 mil toneladas de
sementes de trigo por falta de qualidade. A previsão da Apasemé que o
setor sementeiro vai garantir produção para cobrir 1,1 milhão de hectares com
trigo no Paraná.
O milho segunda safra, tradicional concorrente do
trigo na metade norte do Paraná, não deverá avançar novamente, repetindo a área
de 2,4 milhões de hectares em 2024, não impactando no cultivo do trigo na
região. Porém, está previsto um aumento de 33% na área de feijão segunda safra,
ocupando o espaço que no ano anterior foi utilizado pelos cereais de inverno. A
previsão do Deralé uma redução de 17% na área com trigo no Paraná.
Fonte: Embrapa Trigo