A safra brasileira de cana-de-açúcar 2021/22 chegou ao fim, e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), com base no quarto e último levantamento realizado pela Conab no mês de abril, divulga relatório com as estimativas de fechamento das produções de cana, açúcar e etanol. Clique abaixo para acessar o relatório.
As previsões de queda na produção nacional foram consumadas. A estiagem prolongada e os episódios de geada no inverno de 2021 pressionaram as lavouras de cana, levando a uma redução de 10,6% na produção e de 7,4% na produtividade, em comparação à safra 2020/21. Foram colhidas 585,2 milhões de toneladas nesta safra, contra 654,5 milhões de toneladas da temporada anterior.
A Federação também divulgou o primeiro relatório parcial para a safra que se inicia. Em razão das condições climáticas mais favoráveis, que deverão elevar a produtividade das lavouras em 3,2%, o primeiro levantamento da Conab estima um aumento de 1,9% na produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2022/23, totalizando 596,06 milhões de toneladas.
Safra 2021/22: eventos climáticos e queda na produção
No cenário paulista, os resultados da safra 21/22 são semelhantes ao nacional, e as perdas não foram maiores devido a antecipação das operações de colheita e moagem pelas usinas. Os efeitos negativos do clima adverso durante o desenvolvimento das lavouras provocaram redução de 10,2% na produtividade da cana no Estado, avaliado em 71.604 kg/ha. Essa conjuntura, combinada com a retração de 6,2% na área colhida, resultou em uma produção de 298,5 milhões de toneladas, 15,8% menor ou o equivalente a 55,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a menos que o volume produzido na safra 2020/21.
Quanto à produção de açúcar no Estado, os números se mantiveram em níveis inferiores: estima-se 21,4 milhões de toneladas produzidas na safra 2021/22 contra 26,1 milhões da safra 2020/21, indicando queda significativa de 17,9% na produção do adoçante. Como efeito da menor oferta de cana-de-açúcar e, ainda, da menor destinação da matéria prima para a geração de combustível, a produção paulista de etanol deve ser 17% menor em relação a do último ciclo, totalizando 11,9 bilhões de litros.
Safra 2022/23: projeções discretamente positivas
As perspectivas são de recuperação para a produção de açúcar na safra 2022/23, que deve alcançar 40,3 milhões de toneladas – aumento de 14,9%, resultado da alta no número de contratos a serem cumpridos e da expectativa de matéria-prima de maior qualidade. Por outro lado, com um maior incentivo à produção de açúcar no período, espera-se uma queda de 7,4% na produção de etanol de cana, somando 24,7 milhões de litros.
Um leve incremento também é esperado para a safra paulista de cana-de-açúcar 2022/23. Apesar das oscilações climáticas em determinadas regiões produtoras e da redução de 1,9% na área em produção, avaliada em 4,09 milhões de hectares, a primeira estimativa da Conab indica um aumento de 0,97% no volume de cana a ser colhido no Estado, em relação à temporada 2021/22, alcançando 301,4 milhões de toneladas.
Assim como no cenário brasileiro, a safra paulista deve ser mais açucareira, com 57,76% da matéria prima sendo destinada à produção do adoçante, em um movimento de recuperação. Projeta-se uma alta de 12,7% na quantidade a ser produzida, alcançando o patamar de 24,12 milhões de toneladas.
Já o etanol produzido pelo estado deve manter a queda que vem sendo registrada desde a safra 2021/22, quando a produção paulista do combustível passou de R$ 14,4 bilhões de litros para 11,9 bilhões de litros. Nesta safra 2022/23, estima-se uma produção de 10,7 bilhões de litros (uma redução de 10,1% ou 1,2 bilhão de litros frente).