Consultoria prevê recuperação da produtividade e expansão de área nas duas culturas
A produção brasileira de soja na safra 2024/25 deve alcançar 172,0 milhões de toneladas, segundo nova projeção da DATAGRO Grãos. O volume representa um leve aumento de 0,4% em relação à estimativa anterior (171,2 mi t) e crescimento expressivo de 11% na comparação com a safra 2023/24, marcada por perdas severas em diversas regiões do país.
A recuperação é atribuída ao aumento de área plantada, estimada em 48,0 milhões de hectares — 4% acima do ciclo anterior — e à elevação de 7% na produtividade média, agora em 3.585 kg/ha. Apesar do atraso na semeadura por conta das chuvas irregulares no início da temporada, o desenvolvimento das lavouras foi favorecido por condições climáticas positivas, permitindo a conclusão da colheita dentro da janela ideal.
As perdas ficaram concentradas no sul do Mato Grosso do Sul, oeste do Paraná e, principalmente, no Rio Grande do Sul, que enfrenta sua quarta quebra consecutiva. Ainda assim, a estimativa da consultoria indica superávit de 576 mil toneladas de soja nesta temporada — o primeiro saldo positivo após cinco anos. O consumo interno está previsto em 57,5 milhões de toneladas (alta de 3%) e as exportações devem atingir 111,0 milhões de toneladas (crescimento de 11%).
Esse cenário pode limitar valorizações expressivas nos preços, mesmo diante da forte demanda global.
A safra de verão está estimada em 25,2 milhões de toneladas, 2% acima da anterior, mesmo com redução de 7% na área plantada, reflexo de preços baixos e custos instáveis. O crescimento se deve à recuperação da produtividade, que subiu 9%, alcançando 6.608 kg/ha.
Já o milho de inverno — que responde por 81% da produção nacional — deve atingir 107,5 milhões de toneladas, próximo ao recorde histórico de 108,6 mi t de 2022/23 e bem acima das 87,5 mi t de 2023/24, quando a seca castigou as principais regiões produtoras. A produtividade projetada para este ciclo é de 5.957 kg/ha, a maior já registrada, superando em 7% o resultado anterior. A área também cresceu 4%, somando 18,0 milhões de hectares, estimulada pela valorização dos preços no final de 2024.
Mesmo com a boa produtividade, a oferta não será suficiente para atender à demanda. A consultoria estima déficit de 2,3 milhões de toneladas de milho — o quinto ano seguido de saldo negativo, embora inferior ao registrado em 2023/24 (4,8 mi t).