Condições climáticas adversas prejudicam hortaliças, cereais de inverno e pastagens, elevando perdas e dificultando manejo em diversas regiões gaúchas
As condições climáticas no Rio Grande do Sul têm causado sérios impactos na produção agrícola. Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, as chuvas intensas, o solo encharcado e o frio intenso comprometem cultivos de hortaliças, cereais de inverno, pastagens e rebanhos.
Na horticultura, a produção de folhosas como alface, rúcula, salsa e cebolinha tem sido prejudicada pelo apodrecimento das plantas e pela proliferação de doenças em áreas não protegidas. Em Passo Fundo, o desenvolvimento das plantas ainda é satisfatório, mas em Santa Rosa há relatos de estiolamento e perdas na qualidade. Em Bagé, a implantação de cultivos para sementes enfrenta dificuldades, principalmente no coentro. Já em Erechim, a alta umidade e a baixa luminosidade impedem o transplante e causam erosão em solos desprotegidos.
As brássicas, como brócolis e couve-flor, também sentiram os efeitos do clima. Em Soledade, perdas chegam a 50% em alguns cultivos, embora o abastecimento esteja mantido. Na produção de cebola, o excesso de chuva em Caxias do Sul atrasa o plantio e afeta o controle de plantas daninhas. Em Pelotas, as sementeiras estão implantadas, mas o transplante ainda não começou. Em Rio Grande, o desenvolvimento segue dentro da normalidade.
Nas lavouras de grãos de inverno, o trigo tem semeadura atrasada, com 50% da área implantada. O avanço dependerá da redução das chuvas nas próximas semanas. A estimativa é de 1.198.276 hectares cultivados. A aveia-branca teve 80% da área plantada e a canola, 95%. Ambas também sofrem com excesso de umidade, que impede tratos culturais. Já a cevada avançou aproveitando uma breve janela de tempo seco, especialmente no Norte do Estado.
Com relação às culturas de verão, a colheita do milho foi finalizada após geadas e tempo firme, com produtividade estimada em 6.857 kg/ha. O feijão segunda safra também teve colheita concluída, com rendimento de 1.316 kg/ha.
As pastagens sofrem com atrasos no crescimento, lixiviação de nutrientes e perdas por erosão. A escassez de alimento tem impactado diretamente os rebanhos. Em várias regiões, há perda de peso, piora na condição corporal e até mortes em áreas mais críticas.
Na bovinocultura leiteira, a umidade e o barro dificultam o manejo e aumentam a ocorrência de mastites, lesões e queda na qualidade do leite. Em Frederico Westphalen e Passo Fundo, há redução na produção. Em Ijuí, a sanidade dos animais segue estável, mas na região Celeiro foi registrada piora nos índices de qualidade do leite, influenciada pelo clima adverso.