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Coluna do Caio Gottlieb

Confira a nossa coluna diária comentando os principais assuntos da política
- Especial para Rural News
Publicado em 09/01/2024

Quem acha que os ministros do atual governo andaram viajando muito em 2023 sem necessidade para tanto, na maioria das vezes apenas para cumprir agendas eleitoreiras, ainda não viu nada. Já no apagar das luzes do ano velho, Lula anunciou uma elevação significativa nos valores das diárias destinadas aos integrantes do primeiro escalão em seus périplos pelo país. O montante, autorizado para despesas de hospedagem, alimentação e transporte, pode agora alcançar até 900 reais. A medida representa um reajuste de até 42% e entrará em vigor a partir de 15 de fevereiro de 2024, ou seja, seis meses antes do início do período eleitoral. Bem providencial, não? O Ano Novo promete.

Celebrou em dezembro 140 anos de fundação a histórica e renomada Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, vinculada à Universidade Federal de Pelotas (RS). Trata-se de uma das mais emblemáticas instituições de ensino superior do Brasil. Criada pelo imperador dom Pedro II em 1883 e funcionando desde então de forma ininterrupta, é a mais antiga das escolas do país dedicadas ao estudo das ciências do solo, área cada vez mais imprescindível para harmonizar a crescente demanda mundial por alimentos com a preservação dos recursos naturais do planeta. De suas salas de aula vêm saindo, ao longo de quase um século e meio, sucessivas safras de profissionais que se destacam na vida pública e na iniciativa privada, como Irineo da Costa Rodrigues, diretor presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial e um dos mais influentes líderes do agronegócio paranaense e brasileiro. Por sinal, na mesma festividade, a turma dele comemorou cinco décadas de formatura.

Inaugurando um novo ciclo virtuoso, as vendas em shopping centers no último Natal atingiram o maior patamar desde 2019, ano anterior à pandemia da Covid. Entre os dias 19 e 25 de dezembro o setor faturou R$ 5,63 bilhões, uma alta de 0,6% em relação ao mesmo período de 2022. Por sua vez, as lojas de rua tiveram um recuo de 2% e o varejo como um todo retraiu 0,9%. Em um cenário de constantes transformações no comércio em geral, os shoppings despontam como protagonistas na busca pela inovação e adaptação. O bom desempenho das vendas natalinas sinalizam que eles estão se reinventando e mantendo sua relevância mesmo em meio às mudanças no comportamento do consumidor. Novos tempos e novos desafios exigem novos conceitos e estratégias.
Dias depois de dizer que o excesso de folgas prolongadas em 2023 prejudicou o desempenho da economia brasileira no ano passado e que em 2024, com os feriados caindo todos no sábado, o PIB vai crescer um pouco mais porque as pessoas vão ficar mais tempo a serviço do trabalho, Lula não hesitou em sancionar o projeto de lei que torna feriado nacional o Dia da Consciência Negra, que já vinha sendo celebrado com o fechamento do comércio em 6 estados e 1.260 cidades. O homem é um poço de contradições. Aliás, por ironia, a efeméride em questão, comemorada em 20 de novembro, cairá este ano em plena quarta-feira. Mais um feriadão pra turma emendar.

Sob o pretexto de celebrar a “resistência democrática” a uma fantasiosa tentativa de golpe de estado que nunca existiu, até porque a ditadura já se instalou no país há algum tempo com a usurpação das funções do legislativo e do executivo pelo Supremo Tribunal Federal, reforçada com a atuação tendenciosa do Tribunal Superior Eleitoral no pleito presidencial de 2022, Lula e os ministros petistas da Corte comandaram nesta segunda-feira (8) um espetáculo circense que teve o único propósito de imputar a Bolsonaro e aos partidos de direita a responsabilidade pelos deploráveis atos de vandalismo cometidos um ano atrás contra as sedes dos três poderes da República em Brasília. Claro que os organizadores da patética ópera-bufa e seus cúmplices sabem muito bem que uma turba de arruaceiros, sem tropas armadas e tanques de guerra nas ruas, seria incapaz de derrubar qualquer governo. Mas o que vale é a narrativa. Sempre há imbecis dispostos a acreditar em histórias inverossímeis.
Existe uma grande verdade sobre o que está acontecendo hoje na política brasileira e ela foi resumida com clareza e sem subterfúgios na opinião insuspeita de Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), expoente da esquerda mais radical do país. Em entrevista a um portal de notícias ligado ao PT, ele afirmou que “Bolsonaro não é uma instituição, é uma pessoa. Então, o problema do Bolsonaro é o mesmo problema do Trump, é uma pessoa que tem cacife político para ganhar uma eleição presidencial. Por exemplo, se você tiver que derrotar o Lula, o único candidato que teria condições seria o Bolsonaro. Isso mostra o tamanho e a importância do Bolsonaro. Ele está sendo perseguido por isso, não é por golpe de Estado”. Ou seja, o consórcio ungido pelas urnas eletrônicas para governar o país empreende uma caçada implacável para tirar do páreo, por questionáveis ações jurídicas, o único adversário capaz de vencer o atual ocupante do Palácio do Planalto pelo voto em eleições limpas. Tudo o mais é encenação e cortina de fumaça.

Nem mesmo o Movimento Sem Terra, tradicionalmente apoiado e protegido pelo PT, anda feliz com o governo Lula 3. Em mensagem de Natal, o líder do bando, João Pedro Stédile, reclamou que 2023, foi “o pior de todos os 40 anos do MST” em número de famílias assentadas. Como se vê, até nisso – quem diria – Bolsonaro foi mais eficiente do que o petista, que entra para a história amargando o recorde negativo anunciado pelo “companheiro” Stédile. O fato é que embora as invasões de propriedades rurais tenham caído drasticamente ao longo dos quatro anos do governo passado, que cortou todos os estímulos públicos para as ações criminosas do movimento, os programas de assentamentos de pequenos agricultores em terras públicas ou adquiridas pela União não pararam. E isso é o que, no final das contas, mais importa.

Destituído da presidência da Confederação Brasileira de Futebol no início de dezembro pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por irregularidades em sua eleição, Ednaldo Rodrigues foi reconduzido ao cargo na semana passada por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes – aliás, para surpresa de ninguém. É mais um pequeno escândalo de conflito de interesses envolvendo o decano da Corte: em agosto, Ednaldo assinou pela CBF um contrato de parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado por Gilmar e dirigido por seu filho Francisco Mendes. Definitivamente, o Brasil não é para amadores.
Quando a imprensa tem lado, há duas formas de dar a mesma notícia. Exemplos bastante didáticos desse tipo de conduta foram as manchetes do jornal O Globo ao registrar os encontros de Bolsonaro e Lula com Mohamed bin Salmam, chamado, no primeiro caso, de “ditador árabe”, que manda matar jornalista, persegue mulheres e proíbe igrejas; e no segundo, tratado respeitosamente de príncipe herdeiro da Arábia Saudita. É um comportamento inspirado naquele velho jargão da política: amigo não tem defeito; inimigo, se não tem, a gente coloca.

Momento revelador do Brasil destes tempos anormais marcados por desavergonhada promiscuidade nas relações institucionais: ao participar de recente evento no Palácio do Planalto com a presença maciça de petistas, o ministro Alexandre de Moraes, um dos chefões do Supremo Tribunal Federal, foi aplaudido entusiasticamente e ovacionado em pé pela plateia aos gritos de “Xandão, Xandão!”. Uma recepção consagradora, digna de um verdadeiro e valoroso militante do partido.

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