PEIXE BR defende suspensão da tilápia do Vietnã

A Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), que representa a cadeia produtiva de peixes cultivados no Brasil, defende a imediata suspensão da importação de tilápia do Vietnã. Segundo a entidade, essa medida precisa ser adotada com urgência pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), pois visa proteger a sustentabilidade do setor nacional.

Atualmente, cerca de 98% da produção de tilápia no Brasil está nas mãos de pequenos produtores. Por isso, qualquer desequilíbrio na concorrência — como a entrada de peixe estrangeiro a preços mais baixos — afeta diretamente a capacidade de manutenção dessa atividade.

Produção nacional é estratégica para o país

O Brasil possui 237.669 estabelecimentos rurais dedicados à piscicultura, com um Valor Bruto de Produção (VBP) estimado em R$ 12,5 bilhões em 2024. Além disso, aproximadamente 21% da produção vem de cooperativas. O maior exportador brasileiro de tilápia para os Estados Unidos, por exemplo, é uma dessas cooperativas, o que demonstra a importância do modelo associativo.

Neste momento, os preços pagos ao produtor estão abaixo dos níveis registrados no mesmo período do ano passado. Esse cenário decorre, sobretudo, da elevada oferta no mercado interno, causada pela queda nas exportações e pela retração sazonal do consumo durante o inverno. Com isso, a entrada de tilápia importada, vendida a preços inferiores, agrava ainda mais a pressão sobre os produtores nacionais.

PEIXE BR defende suspensão da tilápia do Vietnã como forma de proteger pequenos produtores e garantir o futuro da piscicultura brasileira. Foto: Canva

Tilapicultura brasileira alia sustentabilidade e tecnologia

Outro ponto destacado pela PEIXE BR é a sustentabilidade da tilapicultura brasileira. Utilizando ração de origem vegetal e com exigência reduzida de proteína animal — especialmente se comparada ao salmão —, o Brasil se destaca como o produtor mais sustentável do mundo. Além disso, possui o sistema regulatório ambiental e de inspeção mais rigoroso entre os quatro maiores produtores globais.

Por outro lado, a adoção de tecnologias no cultivo da tilápia, que é uma marca da produção nacional, exige investimentos altos. Esses recursos costumam ter um prazo médio de amortização entre 7 e 10 anos. Dessa forma, se o atual cenário de concorrência desleal persistir, há um risco real de inadimplência generalizada nos financiamentos, o que pode comprometer o futuro do setor.

Entidade cobra posicionamento do governo federal

Diante desse contexto, a suspensão da importação de tilápia do Vietnã surge, na avaliação da entidade, como medida necessária. A PEIXE BR, portanto, reforça seu apelo ao governo federal para que adote a suspensão imediata da autorização de importação.

Essa ação é vista como essencial para conter impactos negativos, proteger pequenos produtores, preservar empregos e garantir a continuidade de uma atividade estratégica para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país.