Há muita volatilidade no mercado do boi gordo, em especial, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás, com o sobe e desce, na pressão feita indústria frigorífica que, apesar de ter em alguns momentos conseguido reduzir preços nas praças citadas, principalmente, Araguaína, Bataguassu, Cuiabá e Redenção, quando o preço recua, os negócios perdem liquidez, seguida da saída de indústrias da ponta compradora e, logo após, alguma reposição nos preços.
No Estado de São Paulo há equilíbrio entre oferta e demanda, o que tem deixado o mercado do boi estável. Contudo, as cotações mostram estabilidade em R$ 240,00 valor a prazo e bruto, mas encontrei na manhã desta quinta-feira, em General Salgado/SP, preço em R$ 238,00 (bruto e a prazo), o que comprova o cenário de pressão. A questão é que em SP e Mato Grosso do Sul as escalas estão muito próximas de 15 dias.
Frigorífico com filial no Nordeste do país. Foto: Divulgação
Nas praças das regiões norte e nordeste, muito mais heterogêneas em torno da oferta, padrão e proximidade de indústrias, as escalas chegam até a segunda quinzena de fevereiro e isto fez com que os compradores ficassem fora dos negócios desde terça-feira, voltando nesta quinta-feira com propostas mais baixas. Em Mato Grosso do Sul, apesar de haver alguma sensação de estabilidade, propostas em R$ 228,00 por arroba, muitas plantas ficaram fora das aquisições nesta quinta-feira, tradicionalmente, dia com maior movimento.
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A questão é que em SP e Mato Grosso do Sul as escalas estão muito próximas de 15 dias.
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Fabiano Reis
Apesar de fevereiro de 2024 ter uma expectativa melhor em torno dos preços da arroba após pagamento de salários, escolas e universidades voltando totalmente e Carnaval, uma das questões relevantes no segundo mês do ano é ele, normalmente, ser mais curto. Se as festividades carnavalescas trazem uma elevação de consumo e, neste ano, pode ajudar a liquidar os estoques presentes nas câmeras frias, por outro lado, deixam o mês menor, com feriado em quase todo país, entre dois e três dias parados para o setor industrial e retorno lento aos negócios.
De maneira geral, o mercado físico apresenta boa resistência ao momento, com melhor capacidade de segurar os animais no pasto e, mesmo com algumas quedas, em curtíssimo espaço de tempo há recuperação. Contudo, a durabilidade do cenário é baixa e os preços devem recuar nos próximos meses, em movimento sazonal, com a finalização da safra de bois a pasto (que deve aumentar a oferta) e fêmeas de descarte em maior volume indo para o gancho. As posições negociadas no mercado futuro têm esclarecido este ponta há algum tempo.
Se confirmada a tendência, o pecuarista precisa (assim como o sojicultor tem no auge da colheita o pior cenário, tradicionalmente, para vender a soja) evitar ter um grande volume de animais para a venda quando a oferta de gado estiver mais elevada. Este momento, mais complicado, está mais próximo agora e os indicadores já mostram um pouco como o mercado deve se acomodar entre abril e agosto, principalmente.
Sobre o autor
Fabiano Reis é jornalista econômico, especialista em Marketing rural e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial. Editor de economia e agricultura do Canal do Boi, onde apresenta o programa AgriculturaBR.
É colunista econômico em diversos veículos de imprensa.
Professor universitário nos cursos de Administração e Comunicação Social.
Palestrante nas áreas de comunicação e agronegócio;
Apresentador de eventos e feiras.
Publicou os livros Reflexos sobre o nada nos mares do Pantanal, Life Editora, 2011 (livro poesias);
A interação da pecuária brasileira, Nelore MS, 2012;
Nelore: mostra a força de uma raça, Nelore MS, 2010;
O perfil do comércio varejista de carne bovina de Campo Grande-MS, dissertação de mestrado, UNIDERP, 2005;
Redação e revisão do livro Organização e Valor para Comércio Varejista de Carne, SEBRAE, 2004.