É no interior do estado de Mato Grosso que o projeto Pasto Vivo está sendo desenvolvido para se tornar uma referência mundial em pecuária regenerativa, financeiramente viável e com carbono positivo, com prazo de implementação até 2022. O investimento inicial é de 850 mil euros, cerca de 5 milhões de reais e abrangerá iniciais 100 hectares da fazenda São Benedito, área que poderá ser ampliada para 1.200 ha e, possivelmente chegue aos 23.000 ha (área total do projeto).
Segundo Everton Lemos, especialista em produção animal em sistemas agroflorestais da PRETATERRA, quando se pensa em pecuária no Brasil, a tendência é não relacioná-la com a sustentabilidade. “Diante desse contexto, o projeto Pasto Vivo veio para demonstrar que isso pode ser feito de maneira diferente, além de gerar conhecimento e conscientização sobre como a integração de práticas regenerativas podem transformar a pecuária em benefício de agricultores, pecuarista e, sobretudo, do planeta”.
“Hoje a criação tradicional de gado é ineficiente em termos de uso da terra, enquanto a Reserva Legal - uma porcentagem obrigatória de 35% - é pouco reforçada. Além disso, os pecuaristas enfrentam os desafios das mudanças climáticas, savanização e desertificação; pastagens degradadas enfrentam temperaturas cada vez mais altas e severas estações secas. Segundo modelagens recentes, o aquecimento global pode aumentar o custo de produção da carne bovina brasileira em até 160%”, detalha Valter Ziantoni, engenheiro florestal e fundador da PRETATERRA.
Na prática
A primeira atividade desenvolvida foi o estudo de viabilidade do solo, no mês de fevereiro deste ano e a próxima etapa está em andamento, com o início do design e desenvolvimento do sistema agroflorestal, que será desenhado por Valter Ziantoni e Paula Costa, engenheiros florestais e fundadores da PRETATERRA, nos meses de julho a agosto. A partir daí será a fase de implantação, que tem prazo para ser finalizado em maio de 2022.“As árvores também beneficiam o clima local e fornecem sombra para os animais, aumentando seu bem-estar durante a estação seca e promovendo de serviços ecossistêmicos relevantes”, detalha Ziantoni.
Por meio da aplicação dessas práticas regenerativas, o bem-estar e o crescimento dos animais são melhorados, aumentando o seu valor e qualidade, afirma Paula Costa. “O gado é manejado em uma pastagem mais eficiente e usufrui do sombreamento, melhorando o bem-estar animal, permitindo ainda um uso mais eficiente da terra e um aumento no número de cabeças de gado por área. Além disso, uma gama diversificada de produtos provenientes das árvores fornecerá fontes adicionais de forragem, renda e alimentos”, detalha.
Sobre a PRETATERRA
Iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos, desenvolvendo designs replicáveis e elásticos, combinando dados científicos, informações empíricas e conhecimentos tradicionais com inovações tecnológicas, construindo um novo paradigma produtivo que seja sustentável, resiliente e duradouro.