Em volume, o ano de 2024 teve um dos melhores desempenhos de vendas internas de carne bovina no mercado desde 1998
As três principais características do mercado do boi gordo no começo do ano de 2024, foram o escoamento lento de carne bovino no atacado, exportações firmes e consumo doméstico também firme, mas com a população buscando um melhor posicionamento em torno de cortes mais acessíveis, o que pesou sobre os cortes de traseiro, mais nobres.
Se até o fechamento da última semana havia alguma estabilidade de preços para o boi gordo em alguns estados, este cenário já abriu a segunda-feira sinalizando um leve “movimento de urso” e as cotações vinham cedendo, suavemente, mas com recuos ou indústrias fora dos negócios, como já escrevi aqui, no Portal Rural News, que viria a ocorrer e, de fato, está. Por outro lado, podemos somar ao cenário geral a pouco disposição dos pecuaristas em negociar neste período do ano.
Mercado enfrenta dificuldades para a valorização do boi gordo. Foto: Divulgação/Quimtia Brasil
Na última sexta-feira um leitor da coluna me questionou em um dos grupos de pecuaristas do Mato Grosso, se a demanda interna em janeiro foi fraca, ele havia lido no diagnóstico e análise de um colega do Rio Grande do Sul. Afirmei, com toda convicção, “não foi fraca”. A questão aqui, está ligada a sazonalidade, algo extremamente comum nas ações do comércio varejista de carnes. Em volume, ainda não confirmado pela Abras, mas definido pelas venda no atacado e abates em janeiro, o ano de 2024 teve um dos melhores desempenhos de vendas de carne bovina no mercado doméstico desde 1998 para o período.
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O volume de vendas em janeiro sempre é muito menor do que em dezembro.
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Fabiano Reis
Ainda no tema do parágrafo anterior, há particularidades: houve, como já escrevi, uma migração de consumo nos cortes de traseiro para de dianteiro, regularmente mais baratos; o escoamento de cortes mais nobre ficou muito lento; as indústrias empilharam dias de escalas de abates, chegando a 15 em vários estados; houve argumento para pressão negativa e ela veio. A firmeza dos preços em janeiro, com leves recuos provam o cenário. Todavia, é claro, o volume de vendas em janeiro sempre é muito menor do que em dezembro (férias, 13º salário, festas) e normalmente é também inferior a fevereiro (carnaval, mesmo sendo um mês mais curto). Observe a sazonalidade, sempre.
A expectativa nesta semana é de pressão negativa e poucos negócios. Também é um período que deve melhorar o fluxo de escoamento da carne bovina de traseiro, com salários, festas de Carnaval e o retorno de aulas.
Sobre o autor
Fabiano Reis é jornalista econômico, especialista em Marketing rural e mestre em Produção e Gestão Agroindustrial. Editor de economia e agricultura do Canal do Boi, onde apresenta o programa AgriculturaBR.
É colunista econômico em diversos veículos de imprensa.
Professor universitário nos cursos de Administração e Comunicação Social.
Palestrante nas áreas de comunicação e agronegócio;
Apresentador de eventos e feiras.
Publicou os livros Reflexos sobre o nada nos mares do Pantanal, Life Editora, 2011 (livro poesias);
A interação da pecuária brasileira, Nelore MS, 2012;
Nelore: mostra a força de uma raça, Nelore MS, 2010;
O perfil do comércio varejista de carne bovina de Campo Grande-MS, dissertação de mestrado, UNIDERP, 2005;
Redação e revisão do livro Organização e Valor para Comércio Varejista de Carne, SEBRAE, 2004.