Exportações de milho perdem ritmo e E30 pode redistribuir demanda interna
Com compradores limitando interesse até setembro, mercado analisa os efeitos da mistura E30 sobre o consumo doméstico e o equilíbrio das exportações

Demanda interna por milho pode crescer com o E30, enquanto exportações seguem concentradas no curto prazo. Foto: Canva

As exportações brasileiras de milho seguem com dinâmica restrita, refletindo o descompasso entre a oferta de vendedores e a cautela dos compradores. Segundo análise da TF Agroeconômica, há negociações voltadas para os embarques entre agosto e novembro, mas os compradores têm demonstrado interesse apenas para os meses de agosto e setembro, travando negócios no restante do período.
Esse comportamento do mercado ocorre em meio a uma safra recorde no Brasil, que deve resultar em um grande volume de milho disponível no segundo semestre. Ainda assim, a lentidão nas exportações, especialmente a partir de outubro, indica que os estoques poderão permanecer elevados.
Outro fator que começa a influenciar as projeções do setor é a recente aprovação do E30 — medida que aumenta de 27% para 30% o percentual de etanol anidro na gasolina, com início previsto para 1º de agosto. A mudança pode gerar impacto direto na demanda interna por milho, uma vez que o cereal é uma das principais matérias-primas para a produção de etanol no país.
Caso a ampliação da mistura gere um aumento na produção de biocombustíveis, o consumo interno de milho poderá crescer, reduzindo a disponibilidade para exportação e trazendo novo fôlego ao mercado doméstico. Ainda assim, o efeito prático do E30 sobre os preços e o escoamento do milho só será percebido ao longo dos próximos meses.
