INÍCIO AGRICULTURA Logística

Custo do frete da soja no Brasil é até 82% maior do que nos EUA

O levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e faz o comparativo também com a Argentina
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Publicado em 19/04/2024

Uma tonelada de soja que sai de Sorriso (MT) para o Porto de Santos (SP), pode custar até 82% a mais do que o frete cobrado nos Estados Unidos e ser 46% maior do que na Argentina. Os dados são referentes aos valores de março deste ano e foram apresentados na audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, que tratou sobre os gargalos para o escoamento da safra brasileira, trabalho divulgado pelo AgroEstadão.

O levantamento foi feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e faz o comparativo entre os três países. No caso americano, a soja sai de Illinois e embarca em New Orleans. Já na Argentina, a comparação é feita com o grão produzido em Córdoba e exportado a partir de Rosário. Mesmo relacionando dois portos diferentes, o frete brasileiro ainda é mais caro do que nesses outros países concorrentes.

“Quando a gente analisa um custo logístico o caminhão mais o trem, uma multimodalidade e mesmo assim ele é o dobro do valor dos Estados Unidos, isso tem um alerta, um sinal vermelho”, alertou a assessora técnica de Logística e Infraestrutura na CNA, Elisangela Pereira Lopes. “O que dá para perceber é que uma matriz predominantemente rodoviária ocasiona esse tipo de custo. No Brasil, 61% de tudo que é movimentado é pelas nossas estradas, que enfrentam situações, como mostrou a última pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), varia de péssimo, regular e ruim para cerca de 66% do todo”.
Quando a gente analisa um custo logístico o caminhão mais o trem, uma multimodalidade e mesmo assim ele é o dobro do valor dos Estados Unidos, isso tem um alerta, um sinal vermelho
Elisangela Lopes, assessora técnica de Logística e Infraestrutura na CNA
Na análise da CNA, é necessário mais investimentos e maior comprometimento nas obras e fiscalização de concessões de rodovias. A expectativa de representantes do governo, que participaram da audiência, é chegar ao final do ano com 80% das rodovias em bom estado, tendo como parâmetro as métricas próprias do governo, que não utiliza a mesma pesquisa da CNT.

Novos investimentos

O diretor de Obras Públicas do Ministério dos Transportes, Allan Machado, disse que estão previstos 112 novos empreendimentos a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, o governo deve realizar 13 leilões de concessões de rodovias e rever 14 contratos já existentes.

"Nós temos um programa de manutenção mínima das nossas rodovias. E temos estabelecido um custo médio de R$ 200 mil a R$ 250 mil quilômetro/ano. Nós estávamos ao longo de 2022 trabalhando com R$ 60 mil. Era insuficiente, mal dava para a gente fazer um tapa-buraco”, ressaltou o diretor-executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Carlos Barros, que também participou da audiência.

Preço interno impactado

Elisangela Lopes também chamou atenção para o impacto ir além da competitividade entre países. Esses problemas logísticos têm afetado também a inflação dos alimentos internamente. “São algumas falhas que o agronegócio aponta e que vem tirar a competitividade dos nossos produtos, não só em relação ao mercado internacional, mas também ao mercado interno. Tem encarecido os produtos que chegam até a nossa mesa”, acrescentou.


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