Com previsão de novas ondas de frio, sistemas de irrigação ganham papel estratégico na proteção de cultivos sensíveis e na manutenção da produtividade no campo
Com a chegada do inverno, produtores rurais precisam redobrar a atenção aos riscos trazidos pelas baixas temperaturas e pelas geadas. Em lavouras de frutas, hortaliças e outras culturas sensíveis, os impactos do frio podem ser devastadores. Nesse cenário, a irrigação, geralmente associada à estiagem, torna-se uma aliada importante também durante o período mais frio do ano.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o inverno começa oficialmente no dia 20 de junho, às 23h42 (horário de Brasília), e vai até 22 de setembro, às 15h19. A previsão é de que novas ondas de frio atinjam o Brasil ainda em junho, o que reforça a importância do planejamento no campo.
Além de garantir o fornecimento de água, a irrigação pode atuar como proteção contra as geadas. Tecnologias mais avançadas permitem acionar sistemas de forma preventiva, minimizando os danos causados pelo congelamento. Muitos produtores já adotam soluções tecnológicas para enfrentar eventos climáticos adversos e evitar prejuízos.
De acordo com Danilo Silva, gerente agronômico da Netafim, os sistemas desenvolvidos pela empresa vão além da irrigação tradicional. “Trabalhamos com soluções inteligentes que monitoram em tempo real parâmetros como umidade do solo e temperatura. Essas informações permitem ao produtor tomar decisões mais assertivas e manter a produtividade mesmo nos meses frios”, afirma.
Entre as ferramentas disponíveis, destaca-se o sistema de irrigação por aspersão com função antigeada, que já é utilizado no Brasil. Ele é acionado antes da formação do gelo, molhando folhas, frutos e flores. Quando a água congela, forma uma camada protetora em torno dos tecidos vegetais, mantendo a temperatura das plantas próxima de 0 °C e evitando danos mais severos.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), entre 10 de junho e 10 de julho de 2024, foram registradas mais de 30 ocorrências de geadas no país. Ainda em maio, a primeira onda de frio do ano provocou temperaturas negativas em diversas regiões. “Em culturas como frutas de alto valor agregado, a perda de uma safra pode ultrapassar R$ 100 mil por hectare. O investimento em sistemas antigeada tem um excelente custo-benefício”, destaca Silva.
Com sistemas automatizados, os produtores conseguem mais tranquilidade, especialmente durante a madrugada, quando as geadas costumam ocorrer. Os aspersores MegaNet, por exemplo, aliados a reguladores de pressão, garantem distribuição uniforme da água, mesmo em terrenos irregulares, e oferecem resistência ao entupimento e ao desgaste.
Produtores que já adotaram a tecnologia relatam bons resultados. Eduardo Joaquim Riva, de Caxias do Sul (RS), recuperou o investimento logo na primeira safra. Já a família Perazzoli, da Fazenda Perazzoli, em Pinheiro Preto (SC), enfrentou temperaturas de até -3 °C com segurança graças ao sistema.
Danilo Silva reforça que o uso da irrigação precisa ser visto como ferramenta de gestão o ano todo. “A irrigação inteligente não serve apenas para o período de seca. Ela é uma tecnologia de precisão que também pode garantir o sucesso da próxima safra durante o inverno”, conclui.