O Brasil tem um importante papel no mercado global agrícola como fornecedor de grãos. Mas os resultados do setor este ano correm o risco de serem afetados pela guerra da Ucrânia, especialmente por conta do possível risco de desabastecimento de fertilizantes importados da Rússia. A alternativa para abastecer o mercado interno, segundo especialistas, poderá estar no aumento no consumo de fertilizantes biológicos.
O Brasil importa quase 90% dos fertilizantes que são usados na agricultura. E a guerra já trouxe impactos significativos nos seus preços. O cloreto de potássio, por exemplo, teve aumento significativo, saltando de R$1.371 (em 01/01/2021) para R$ 5.020 (em 10/03/2022). Isso representa um aumento de 281,17%, segundo o ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil.
Para reduzir essa dependência dos fertilizantes minerais, é fundamental que o produtor rural busque fontes alternativas de nutrientes, como fertilizantes orgânicos, bem como ferramentas que aumentem a eficiência de uso de nutrientes pela planta.
Nesse sentido, o uso de microorganismos simbiontes pode reduzir ou até mesmo substituir o uso de fertilizantes minerais, sendo portanto uma excelente alternativa para a atual crise. Com a implantação dessas tecnologias naturais, analistas do agronegócio explicam que a atividade biológica do solo é favorecida, refletindo em aumento na produtividade das safras com o emprego de manejos mais sustentáveis, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
“O que vemos agora aqui no Brasil é justamente um holofote ainda maior para biológicos de apoio ao solo e a guerra na Ucrânia deverá jogar ainda mais luz nestes produtos como uma alternativa à escassez de fertilizantes minerais. São microrganismos que ajudam a solubilizar fósforo, potássio e fixar nitrogênio. Consequentemente, ajudam a planta e a raiz a absorverem mais nutrientes e não necessariamente ter de utilizar mais fertilizantes. É um catalisador desse processo de absorção dos nutrientes e fixação do nitrogênio”, afirma Jardim, que complementa dizendo que esse manejo biológico produz um efeito duradouro.
Leonardo Franchi, coordenador de comunicação da Gênica -- Inovação Biotecnológica, afirma que essa insegurança em relação ao fornecimento de fertilizantes já trouxe impactos significativos nos preços.
Com isso, o produtor passará a buscar ferramentas alternativas que venham aumentar a eficiência de fertilizantes e a efetividade do uso desses nutrientes no solo.
“Algumas dessas práticas são a correção do solo com calcário, o uso da adubação verde através de crotalária e outras plantas de cobertura e a adubação orgânica. Mas o que está sendo mais abordado e fomentado são os microrganismos que vão ajudar diretamente na disponibilização desses nutrientes, como é o caso do solubilizador de fósforo. E até mesmo os microorganismos que ajudam no desenvolvimento e a sanidade das raízes. Quando temos microrganismos que controlam nematóides, doenças de solo e pragas, temos um sistema radicular mais abundante e, consequentemente, os nutrientes do solo são mais aproveitados. Tudo isso ajuda na eficiência do fertilizante”, esclarece Leonardo.