CNA avalia impactos de tarifas anunciadas pelos EUA sobre exportações do agro brasileiro
Com tarifa extra de 10%, exportações de produtos como suco de laranja, café e carne bovina podem perder competitividade no mercado americano.

Exportações de suco de laranja, café e carne bovina para os EUA podem perder força com tarifas de 10%. Foto: Freepik

Os Estados Unidos anunciaram, por meio de ordem executiva do presidente Donald J. Trump, a aplicação de tarifas adicionais de importação para bens provenientes de diversos países, incluindo o Brasil. A nova alíquota-base para produtos brasileiros será de 10%, com início de vigência a partir de 5 de abril.
O pacote é considerado o mais amplo até agora e gera apreensão nos setores público e privado, devido ao potencial impacto sobre o comércio internacional. No agronegócio, o alerta é ainda maior, já que os Estados Unidos são o terceiro maior destino das exportações brasileiras do setor, atrás apenas de China e União Europeia. Em 2024, o mercado americano respondeu por 7,4% da pauta agropecuária do Brasil, com um volume de US$ 12,1 bilhões.
Produtos como suco de laranja, café verde, carne bovina termoprocessada, etanol e açúcar estão entre os mais sensíveis à medida. No caso do suco de laranja, por exemplo, o Brasil responde por 90% das importações americanas do produto resfriado. A elevação da alíquota pode minar a competitividade do país nesse mercado, favorecendo produtores domésticos dos EUA.
De acordo com a avaliação da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), os impactos serão mais severos sobre os produtos nos quais o Brasil tem forte participação nas compras americanas, justamente por não haver margem de manobra diante da concorrência.
Ainda que os produtos agropecuários brasileiros partissem de uma média tarifária de 3,9%, o salto para 13,9% representa um custo significativo. A CNA alerta para os riscos à renda do produtor e à estabilidade das exportações e reforça a importância de o governo brasileiro manter o diálogo com os EUA. Além disso, defende o uso estratégico de instrumentos como o Projeto de Lei da Reciprocidade, já aprovado no Congresso.
Por fim, a entidade ressalta a necessidade de diversificação de mercados e acordos comerciais que garantam previsibilidade e tragam benefícios mútuos para as nações envolvidas.
