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Qual a perspectiva para a guerra entre Rússia e Ucrânia em 2024

Com quase dois anos de conflito, a disputa entre os dois países segue firme em território europeu e perspectiva para o próximo ano continua tão nebulosa quanto o real motivo pela perduração do confronto até os dias atuais

No dia 4 de fevereiro do próximo ano, o conflito armado entre Ucrânia e Rússia completará dois anos. Em uma guerra que ganhou diversas facetas ao longo do tempo, a perspectiva para o próximo ano continua tão nebulosa quanto o real motivo pela perduração do confronto até os dias atuais.
Além dos países protagonistas, a guerra ganhou apoio e atenção de outros países, como Estados Unidos e França. Somados, Estados Unidos da América e União Europeia já desembolsaram mais de US$ 200 bilhões para financiar o aparato necessário para que a Ucrânia impedisse o avanço russo em seu território. O investimento, de acordo com Conrado Baggio, professor doutor do curso de Relações Internacionais da Universidade Cruzeiro do Sul, pode ser um dos fatores que expliquem o porquê de o conflito ainda existir.

Estados Unidos da América e União Europeia já desembolsaram mais de US$ 200 bilhões para financiar a Ucrânia no conflito
Estados Unidos da América e União Europeia já desembolsaram mais de US$ 200 bilhões para financiar a Ucrânia no conflito

“Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, eles tentaram alcançar uma vitória rápida, concentrando forças contra a Kiev, e esperando eliminar – ou pelo menos suprimir – a liderança ucraniana. A Rússia chegou a controlar mais de 20% do território ucraniano, mas Kiev não foi tomada e a liderança do presidente Zelensky se fortaleceu. Apesar disso, Moscou segue dominando várias regiões, como a Crimeia e o Donbass, que foram anexadas pelos russos”, explica o docente. “Em outras palavras, os dois lados não são fortes o suficiente para ganhar a guerra, mas também não estão fracos o suficiente para perdê-la”, complementa.

Os dois lados não são fortes o suficiente para ganhar a guerra, mas também não estão fracos o suficiente para perdê-la
Conrado Baggio, professor doutor do curso de Relações Internacionais da Universidade Cruzeiro do Sul

De acordo com Baggio, ainda não há indícios de que qualquer uma das partes esteja preparada para aceitar um cessar-fogo. Como em um jogo de tabuleiro, qualquer movimento diferente pode gerar grandes consequências para ambos os lados. “De um lado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ainda tem que lidar com tropas russas ocupando várias regiões do leste e sul do país. Nesse momento, um acordo para interromper as hostilidades seria visto como uma disposição do governo ucraniano em aceitar um status em que milhões de ucranianos e diversos territórios do país seguem sob ocupação estrangeira. Do outro lado, o presidente Vladmir Putin comprometeu muitos recursos e vidas de soldados russos para consolidar sua posição atual”, destaca o docente.


Em uma perspectiva econômica, até o momento, a guerra prejudicou inúmeras nações que dependiam da distribuição de grãos dos dois países protagonistas do conflito. “O conflito entre ambas, especialmente em áreas próximas do Mar Negro – rota de exportação do produto – fez com que a oferta desses produtos diminuísse e os preços aumentassem por todo o mundo. Alguns países da África e Oriente Médio, como o Egito e Turquia, que importavam esses grãos das zonas de conflito, foram afetados de forma mais direta. Em 2022, a Rússia aceitou um acordo que permitiu o escoamento da produção de grãos da Ucrânia por um corredor humanitário, no entanto, o acordo terminou em julho deste ano, diminuindo novamente a oferta”, afirma Baggio.


Apesar de não ter ficado imune aos efeitos da guerra, o Brasil conseguiu tomar uma posição mais confortável no conflito. A posição brasileira de grande exportador de produtos agrícolas fez com que o país fosse capaz de assumir a demanda global por grãos, duplicando a exportação de trigo. Mesmo assim, a população ainda foi capaz de sentir o impacto, não só por conta da inflação que permitiu o aumento dos preços, mas pela elevação dos preços globais do petróleo.


A atual posição de manterem a guerra, segundo o professor, parece ser a melhor, tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia. Isso porque os ucranianos estão saindo de uma contraofensiva com sucesso limitado, mas que retomou diversos territórios do controle russo. Para os russos, um cessar-fogo nesse momento pode ser interpretado como um recuo de Putin, especialmente se o mandatário pretende manter a sua popularidade alta para as eleições presidenciais, em setembro de 2024. Portanto, o impasse desta guerra deve se manter ao longo do próximo ano.

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