Paulo Guedes ressalta força estratégica do agronegócio
Ex-ministro afirma que o agronegócio mantém o Brasil competitivo e com potencial para liderar o cenário global
Paulo Guedes durante palestra no Encontro Estadual de Líderes Rurais 2025, promovido pelo Sistema FAEP. Foto: Sistema FAEP / Divulgação
“O Paraná é forte porque a agricultura é forte. O Brasil é forte porque tem Estados como o Paraná.” Com essa frase, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes abriu sua palestra no Encontro Estadual de Líderes Rurais 2025, promovido pelo Sistema FAEP. Ao longo da apresentação, ele analisou o atual cenário geopolítico e destacou que o país possui todas as condições para se transformar em uma potência mundial.
Guedes afirmou que o crescimento da população global, estimado em 2 bilhões de pessoas até 2050, amplia a demanda por alimentos. Como há cada vez menos áreas disponíveis para a produção agrícola em outras regiões do mundo, o Brasil mantém posição estratégica graças à força do agronegócio. “Para alimentar essa população global precisaremos de proteína. A China, os Estados Unidos e a Índia não têm recursos hídricos para suprir essa demanda. Por isso, o Brasil é uma potência do agronegócio”, destacou.
Como a geopolítica moldou o poder global
O ex-ministro dividiu sua palestra em três fases. Na primeira, explicou como os Estados Unidos se consolidaram como principal potência após a Segunda Guerra Mundial, período que chamou de “Grande Ordem Liberal”. Segundo Guedes, o domínio norte-americano se fortaleceu após os bombardeios em Hiroshima e Nagasaki e, depois, com a reconstrução econômica promovida pelo Plano Marshall, que destinou US$ 12 bilhões para diversos países europeus. Mesmo fora desse pacote, o Japão também recebeu investimentos dos EUA.
Ele lembrou ainda que o pós-guerra intensificou a imigração em países devastados pelo conflito, especialmente nas nações do Eixo e no Leste Europeu. “Democracia, liberdade e mercados são as palavras-chave desse período. Os imigrantes chegaram ao Brasil e logo começaram a produzir, sem burocracia para atrapalhar. Eles geravam emprego e receita, seja no agronegócio ou na indústria”, comentou.
Desordem mundial e avanço da China
Na segunda parte, chamada por Guedes de “Desordem Mundial”, ele descreveu o cenário atual marcado pela ascensão da China como superpotência. Para ele, o país asiático adotou um “capitalismo agressivo”, que impactou diversas indústrias globais. “A China é o elefante na piscina das crianças, que é a globalização. Ela ameaça empresas consolidadas em setores como automóveis e aço”, avaliou.
Guedes também associou esse novo ambiente global ao aumento dos fluxos migratórios em regiões como África, América Latina e Oriente Médio. Segundo ele, essas ondas migratórias alimentaram protestos e favoreceram a chegada de novos líderes conservadores ao poder em países como Estados Unidos, Itália, Polônia e Hungria. “O mundo liberal vai demorar para voltar. As palavras-chave hoje são geopolítica e força”, disse.
Brasil no centro das oportunidades
Na terceira parte, intitulada “Agro de oportunidades”, Guedes destacou que o Brasil tem potencial para crescer a taxas mais elevadas. Ele defendeu juros e inflação mais baixos, além de maior protagonismo do Mercosul dentro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Poderíamos estar crescendo 5% ao ano. Porém, precisamos fazer a lição de casa. Nosso capital institucional está esgarçando”, alertou.
O ex-ministro reforçou ainda que o país precisa melhorar a aplicação dos recursos públicos, permitindo que estados e municípios definam prioridades de investimento. Para ele, essa descentralização fortaleceria áreas essenciais da economia.
Mesmo com desafios internos, Guedes encerrou a palestra com uma mensagem de otimismo. “O Brasil oferece um cenário positivo nos setores do agronegócio e energético. Nossos principais problemas são internos, mas precisamos ter resiliência e esperança”, concluiu.
