Para intensificar a competitividade do agronegócio brasileiro, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) promoveu uma pesquisa junto ao mercado, a fim de fornecer as principais tendências e antever transformações em termos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Desse modo a pesquisa busca contribuir para a realização do planejamento estratégico das organizações públicas e privadas e para a definição nos próximos anos de um ambiente ainda mais competitivo, sustentável e tecnológico, que resultará na produção de alimentos únicos, mais nutritivos e alinhados com as demandas dos mercados mais exigentes.
Intitulada “Visão da Inovação e Competitividade do Agronegócio”, a pesquisa, promovida nos meses de agosto e setembro pelo Comitê de Inovação da ABAG, gerou um documento com dezesseis direcionadores estratégicos, divididos em sete áreas, para mapear o ambiente inovador no agronegócio nacional.
Na área as Políticas Públicas, um dos direcionadores propostos é que as ações governamentais tenham a participação de associações representativas do agronegócio, a fim de inserir de maneira mais contundente a promoção comercial internacional do agronegócio e sua sustentabilidade.
Em relação ao Fator Humano, uma das sugestões é a criação de políticas de incentivos educacionais específicas para abarcar e permitir a inovação por meio de novas tecnologias, governança e gestão eficientes dos processos produtivos e de inteligência competitiva.
Em termos de Financiamento e Fomento à Inovação, a ABAG aponta na importância de assegurar o crescimento do financiamento privado, uma vez que há o interesse do setor privado em atender tais demandas, como operações de Barter e emissão de Cédulas de Produto Rural (CPR).
Sobre Propriedade Intelectual e Patentes, um norteador é estimular redes de colaboração para que surjam mais pedidos de patente com alta qualidade, com depósitos no Brasil e no exterior. No caso da Política Internacional, os acordos internacionais e parcerias estratégicas entre países devem ser incentivados, visando fortalecer o desenvolvimento do setor com maior acesso às tecnologias e mercados de todos os blocos econômicos.
Para a Sustentabilidade, um direcionador estratégico é a desmistificação da biotecnologia, ressaltando sua contribuição para a redução no uso de insumos e de área produtiva equivalente e articulando institucionalmente para que tecnologias não sejam utilizadas como barreiras comerciais ao agronegócio brasileiro. Já em Infraestrutura, é fundamental a expansão de cobertura, velocidade e estabilidade na comunicação de dados, de forma a permitir a adoção de tecnologias 4.0 que são fundamentais à produtividade e também à competitividade.
Sobre a pesquisa
A pesquisa da ABAG contou com a participação de diversos setores da sociedade, sendo 78% pertencentes ao mercado, entidades do setor e academia e 22% ligados à inovação: aceleradoras, incubadora, parque tecnológico, startups, governo e outros. Um terço dos respondentes são associados da entidade.
Para 80% dos participantes, o principal desafio para a competitividade do agronegócio é a infraestrutura do país, seguido pela governança e gestão. É importante ressaltar que esses dois fatores tendem a ser os principais quando se trata da perspectiva interna da empresa, ou seja, a própria organização.
Em termos de avaliação global da importância dos fatores 4.0, organizacional, humano e ambiental, quatro fatores foram ressaltados como aqueles que mais contribuem para a inovação e competitividade da empresa: o humano (70%), o das tecnologias 4.0 (63%), o organizacional (54%), o ambiental (49%).
Sobre os aspectos de inovação, há uma visão balanceada de percepção qualitativa entre fraca e forte quanto aos incentivos governamentais e incentivos de transferência tecnológica. Já quando abordada a questão da atuação de agentes públicos (executivo e legislativo) na formação de políticas públicas para inovação e competitividade, a predominância da percepção fica entre fraca e levemente fraca. Quanto aos incentivos educacionais a percepção fraca e levemente fraca ultrapassa 65%, o que mostra a importância da educação para a inovação e competitividade no agronegócio brasileiro.
A respeito das tecnologias 4.0, os respondentes destacaram a integração de sistemas (75%) de percepção extremamente forte. Outros os subfatores citados também foram computação em nuvem, cibersegurança e big data & analytics. Por fim, com relação à inserção do agronegócio brasileiro nas cadeias globais de valor, os seguintes fatores receberam percepção extremamente forte: promoção comercial internacional do agronegócio (73%), pesquisa agropecuária (68%) e sinergia entre agentes públicos e privados (58%).