As preocupações do Brasil e da América do Sul com as sanções à exportação de fertilizantes serão levadas à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e ao Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na próxima semana. Como presidente da Junta Interamericana de Agricultura, a ministra Tereza Cristina irá apresentar o tema para ser debatido durante a Mesa Redonda sobre Insumos para Sistemas Agroalimentares Sustentáveis da FAO, que acontece no dia 16 de março.
O encontro terá a participação do diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, da Enviada Especial do Secretário-Geral para os Sistemas Alimentares, Agnes Kalibata, e do Diretor-Geral do IICA, Manuel Otero. Segundo a ministra, o objetivo será promover intercâmbio franco e aberto sobre os principais desafios que se impõem ao setor agropecuário dos países das Américas no atual contexto econômico e geopolítico do pós-pandemia.
“A imposição de sanções unilaterais à exportação de fertilizantes nos parece grave, pois representa ameaça à segurança alimentar mundial, especialmente dos países mais vulneráveis. Fertilizantes não podem sofrer sanções, porque se o custo de produção aumenta, sobe também o preço do alimento produzido. E quem mais sofre com essa inflação são as nações que, por razões climáticas, geográficas ou econômicas, não podem produzir boa parte dos alimentos que consomem”, argumenta Tereza Cristina. Ela defende que, assim como os alimentos, os fertilizantes devem ser livres de sanções comerciais, para garantir a própria produção de alimentos.
Nesta quinta-feira (10), a ministra convidou os integrantes do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) a participarem da reunião virtual. “Acredito que nossa região deva tomar a iniciativa e capitanear o debate sobre esses temas, a fim de que possamos explorar cursos de ação e soluções conjuntas para minimizar os riscos para o abastecimento global.
Conselho Agropecuário do Sul
Tereza Cristina fez hoje sua última participação no CAS enquanto ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. Ela destacou os avanços do grupo nos últimos três anos, como as ações conjuntas para o enfrentamento da pandemia, que garantiram os fluxos comerciais funcionando na região.
Outro destaque foi a elaboração de uma posição comum das Américas a respeito da Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares. “Reafirmamos a centralidade das realidades locais na busca da sustentabilidade, fortalecemos a ciência como base para políticas públicas relacionadas aos sistemas alimentares, e revigoramos o papel da agropecuária como parte da solução para alcançar a segurança alimentar global e o desenvolvimento sustentável”, lembrou a ministra.
O CAS é um fórum ministerial de consulta e coordenação de ações regionais, formado pelos ministros da Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.