Inflação de junho fecha em 0,24% com energia em alta e alimentação em queda
Com energia elétrica pressionando os preços e, por outro lado, alimentos no domicílio em queda, inflação de junho desacelera ligeiramente

Alta da energia elétrica impulsiona inflação de junho, que fechou em 0,24%, segundo o IBGE. Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

A inflação do país foi de 0,24% em junho, recuando ligeiramente em relação a maio (0,26%). Esse resultado mensal foi influenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial. Com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, houve aumento de 2,96% no mês, sendo o subitem de maior impacto individual no índice (0,12 p.p.). No acumulado do ano, a inflação é de 2,99% e, nos últimos 12 meses, de 5,35%, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo IBGE.
“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias. Ela representa, inclusive, o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, destaca Fernando Gonçalves, gerente do IPCA. Ele relembra que, no início do ano, com o bônus de Itaipu, houve queda em janeiro, reversão em fevereiro e, posteriormente, bandeira verde. No mês passado, entrou em vigor a bandeira amarela e, agora, a vermelha.
Energia e habitação puxam alta
Além da mudança na bandeira tarifária, foram registrados reajustes em junho: 7,36% em Belo Horizonte (8,57%) vigente desde 28 de maio; 14,19% em uma das concessionárias de Porto Alegre (4,41%) a partir de 19 de junho; 1,97% em Curitiba (3,28%) desde 24 de junho e uma redução de 2,16% nas tarifas de uma das concessionárias do Rio de Janeiro (1,29%) a partir de 17 de junho.
O grupo Habitação (0,99%) também foi influenciado pela alta na taxa de água e esgoto (0,59%). No mês, esse grupo contribuiu com 0,15 p.p. para o índice geral, reforçando, assim, o peso das despesas fixas no orçamento das famílias.
Alimentação tem primeira queda em nove meses
Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas registrou a primeira queda (-0,18%) em nove meses, contribuindo com -0,04 p.p. na taxa geral. Essa retração foi influenciada pela alimentação no domicílio, que saiu de 0,02% em maio para -0,43% em junho. As principais quedas ocorreram no ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). Já do lado das altas, destacou-se o tomate (3,25%).
Além disso, a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46% em junho, frente ao 0,58% de maio. O subitem lanche passou de 0,51% em maio para 0,58% em junho. A refeição, por sua vez, saiu de 0,64% em maio para 0,41% em junho, o que contribuiu para uma desaceleração do consumo fora de casa.
Essa queda no grupo Alimentação e bebidas refletiu-se também no índice de difusão — o percentual de subitens que tiveram resultado positivo — que caiu de 60% em maio para 54% em junho. Entre os alimentícios, esse índice caiu ainda mais: de 60% para 46%. Já entre os não alimentícios, manteve-se estável em 60%. “Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024 (47%), quando o grupo Alimentação também apresentou uma redução em sua taxa (-1,00%)”, observa Fernando Gonçalves. “Se retirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se excluíssemos a energia elétrica, cairia para 0,13%”, conclui.
Transportes voltam a subir
O grupo Transportes também teve contribuição positiva relevante no mês (0,05 p.p), aumentando 0,27% após um recuo de 0,37% em maio. Mesmo com a queda dos combustíveis (-0,42%), as variações no transporte por aplicativo (13,77%) e no conserto de automóvel (1,03%) impulsionaram a alta do grupo.
“No mês anterior, a passagem aérea estava em queda, assim como os combustíveis, o que ajudou a taxa a ficar negativa. Neste mês, a passagem aérea registrou alta de 0,80% e, além disso, o transporte por aplicativo puxou a taxa para cima, mesmo com a queda nos combustíveis”, explica o gerente.
Já no Vestuário (0,75%), que contribuiu com 0,04 p.p. em junho, destacam-se as altas na roupa masculina (1,03%), nos calçados e acessórios (0,92%) e na roupa feminina (0,44%).
As demais variações e impactos no IPCA de junho foram: Saúde e cuidados pessoais (0,07% e 0,01 p.p.); Despesas pessoais (0,23% e 0,02 p.p.); Comunicação (0,11% e 0,01 p.p.); Educação (0,00% e 0,00 p.p.); e Artigos de residência (0,08% e 0,00 p.p.).
No agregado especial de serviços, o IPCA acelerou de 0,18% em maio para 0,40% em junho. Já o agregado de preços monitorados — ou seja, aqueles controlados pelo governo — desacelerou de 0,70% para 0,60%.
Fernando explica que, no agregado dos serviços, a variação negativa em maio da passagem aérea contribuiu para a desaceleração da taxa naquele mês. Agora, por outro lado, a alta no transporte por aplicativo também puxou o índice para cima, assim como a alimentação fora do domicílio, que veio positiva e tem peso relevante no orçamento das famílias.
Maiores e menores variações regionais
Quanto aos índices regionais, a maior variação (0,64%) ocorreu em Rio Branco. Isso se deve ao aumento no subitem cinema, teatro e concertos (77,22%), motivado pelo fim da promoção de meia entrada, e pela energia elétrica residencial (3,99%).
Por outro lado, a menor variação ocorreu em Campo Grande (-0,08%), influenciada pela queda nas frutas (-5,15%) e na gasolina (-1,38%).
