O que esperar das principais commodities agrícolas em 2026?
Clima, oferta global e decisões políticas seguem no centro das atenções e devem influenciar o comportamento dos preços das principais commodities agrícolas em 2026
Segundo a Hedgepoint, commodities agrícolas entram em 2026 sob influência de clima, oferta global e decisões políticas. Foto: Canva
O mercado de commodities agrícolas chega a 2026 condicionado por fatores climáticos, ajustes de oferta e decisões políticas, segundo análise da Hedgepoint Global Markets. Após um 2025 marcado por forte volatilidade, cada cadeia enfrenta desafios específicos, que exigem atenção redobrada na gestão de riscos e preços.
De acordo com o relatório Mercado de Commodities: Retrospectiva 2025 e Perspectivas 2026, da Hedgepoint, o cenário global segue sensível tanto a variáveis macroeconômicas quanto a fatores estruturais de oferta e demanda.
Açúcar e etanol seguem dependentes do clima e do mix no Brasil
O mercado de açúcar encerrou 2025 com viés baixista, conforme avaliação da Hedgepoint. A oferta elevada no Centro-Sul do Brasil, aliada a bons resultados no Hemisfério Norte, pressionou as cotações ao longo do ano.
Em 2026, o clima volta ao centro das atenções. As condições da safra 2026/27 no Brasil devem influenciar tanto a moagem quanto a qualidade da cana. Além disso, a paridade com o etanol pode alterar o mix das usinas e, consequentemente, o volume de açúcar produzido.
Outro ponto decisivo envolve o Hemisfério Norte. A definição das cotas de exportação da Índia tende a afetar os fluxos comerciais, sobretudo no início do ano, mantendo o mercado sensível a decisões políticas.
Cacau permanece volátil, mesmo com expectativa de superávit
O cacau enfrentou mais um ano de oscilações intensas em 2025, segundo a Hedgepoint. Problemas climáticos e estruturais na África Ocidental limitaram a oferta e sustentaram preços elevados, enquanto a demanda mostrou sinais de desaceleração.
Para 2026, o relatório da Hedgepoint projeta superávit. Ainda assim, o clima na África Ocidental continua como fator crítico. Períodos de estiagem podem comprometer volume e qualidade entre safras, o que tende a sustentar a volatilidade.
Do lado do consumo, os preços historicamente altos seguem como entrave. O ritmo de moagem será determinante para avaliar até que ponto a demanda consegue absorver a oferta projetada.
Café entra em 2026 com foco na safra brasileira
O mercado de café viveu extrema volatilidade em 2025. A menor produção no Brasil e os estoques globais apertados levaram os preços a níveis recordes no primeiro semestre.
Ao longo de 2026, a chegada de cafés da América Central, África Ocidental, Vietnã e Colômbia tende a aliviar parcialmente a oferta. Esse movimento pode permitir alguma recomposição de estoques, embora não elimine o risco de oscilações.
O Brasil segue como principal fator de equilíbrio. Qualquer surpresa climática na safra 2026/27 pode provocar reprecificação rápida, mantendo o mercado sensível a notícias do campo.
Complexo soja depende de China, biodiesel e clima
A soja atravessou 2025 em um movimento mais lateralizado, de acordo com a Hedgepoint. A safra recorde na América do Sul compensou a redução de área nos Estados Unidos, enquanto a guerra comercial limitou a demanda pela soja norte-americana.
Em 2026, o comportamento da China será decisivo, segundo a consultoria. O mercado acompanha o volume efetivo de compras da safra americana e os desdobramentos do compromisso firmado entre os países.
Além disso, o avanço do biodiesel nos Estados Unidos pode alterar estruturalmente a demanda por óleo vegetal e farelo. Já na América do Sul, o clima seguirá determinante para confirmar ou não mais uma safra robusta.
Milho e trigo enfrentam excesso de oferta e decisões de área
O milho registrou produção recorde em 2025, especialmente nos Estados Unidos, conforme análise da Hedgepoint. Esse cenário manteve os preços pressionados, apesar da boa demanda externa.
Para 2026, o clima na América do Sul ganha relevância, sobretudo para Brasil e Argentina. A definição da área plantada nos Estados Unidos também será crucial, já que a relação de preços com a soja pode incentivar migração entre culturas.
No trigo, a atenção recai sobre o desenvolvimento da safra de inverno no Hemisfério Norte. A transição climática ao longo do primeiro trimestre pode alterar as expectativas de produção e oferta global.
Óleo de palma e geopolítica seguem no radar
O óleo de palma fechou 2025 com produção elevada no Sudeste Asiático e demanda mais fraca de China e Índia, aponta a Hedgepoint. Esse movimento pressionou os preços ao longo do ano.
Em 2026, a expectativa é de retomada gradual das importações asiáticas. Ao mesmo tempo, políticas de biodiesel na Indonésia podem reduzir a oferta exportável, dando suporte às cotações.
Já a geopolítica segue como fator de risco. Segundo a Hedgepoint Global Markets, tensões internacionais continuam influenciando custos logísticos, energia e fluxos comerciais, com impacto direto sobre os mercados agrícolas.
