O prejuízo causado pelo HLB (sigla para a doença huanglongbing) em lavouras de citros na região de Paranavaí pode chegar perto de US$ 11,8 milhões em pouco mais de dois anos, aponta estudo realizado pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater). É o primeiro do gênero conduzido no Estado.
“Esse valor põe em destaque a preocupação com a doença e a necessidade de adotar estratégias para sua prevenção e manejo”, afirma Rui Pereira Leite Junior, pesquisador do IDR-Paraná que participou do trabalho. Causado pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, o HLB, também chamado de “greening”, é uma doença que provoca o aparecimento de folhas amareladas, deformação dos frutos e debilitação geral das plantas infectadas.
O ciclo da doença envolve ainda o psilídeo (Diaphorina citri), pequeno inseto que suga a seiva das plantas e atua como vetor. Ele adquire a bactéria em plantas doentes e a transmite quando perfura as folhas de plantas sadias em busca de alimento. A doença está disseminada pelas regiões produtoras ao redor do mundo. Em 2006 foi detectada no Paraná pela primeira vez, em Altônia.
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PESQUISA – O estudo foi realizado com o objetivo de estimar a incidência e o impacto econômico do HLB na região de Paranavaí, no Noroeste do Estado, que concentra o principal polo paranaense de produção de frutas cítricas.
Os pesquisadores consideraram as árvores erradicadas em função do HLB e estimaram o prejuízo ocasionado pela doença entre janeiro de 2011 e junho de 2013. Para chegar a esse valor, utilizaram dados de comunicação da doença em 2.086 pomares, encaminhados por produtores para a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) — essa comunicação é obrigatória, conforme instrução normativa do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Escolhemos esses comunicados porque eles contêm informações sobre a cultivar, data de plantio, número de árvores inspecionadas e também a quantidade de plantas com sintomas de HLB que foram erradicadas”, explica Rui Leite.
Em outra via de análise, que considerou as perdas em função do potencial de produção ao longo de toda a vida útil da planta erradicada, o prejuízo foi estimado em US$ 39,2 milhões, aponta o pesquisador Tiago Santos Telles, da área de socioeconomia do IDR-Paraná. Os resultados do trabalho foram publicado em artigo na Revista Brasileira de Fruticultura (texto em inglês).
A equipe que realizou o estudo é integrada, ainda, pelos pesquisadores Gustavo Vaz da Costa e Carmem Silvia Vieira Janeiro Neves, ambos ligados à Universidade Estadual de Londrina (UEL), e Renato Beozzo Bassanezi, vinculado ao Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), de São Paulo.