O agronegócio brasileiro enfrenta transformações significativas de ordem tecnológica, socioambiental, política, climática e também no mercado de e de mercado de trabalho. Nos últimos anos, o setor registrou safras recordes, aumento da produtividade e uma contribuição vital para a economia brasileira – e neste campo falamos, além do PIB, da geração de empregos.
Essa representatividade econômica se deve à transformação vivida pelo setor principalmente na última década, com avanços tecnológicos, digitalização, aumento da produção, novas fronteiras agrícolas, e pela pressão por uma produção cada vez mais sustentável. O aumento no uso da tecnologia traz novos desafios para a qualificação de mão de obra, mas também é uma oportunidade para os jovens, inclusive urbanos, que estão ingressando no mercado de trabalho.
Quando abordamos a qualificação no agro, atualmente, precisamos falar não apenas sobre quem já está inserido no campo e ou que já tem uma ligação indireta com o setor. Considerando toda a demanda e as oportunidades que o setor tem a oferecer, é um grande mercado profissional para os jovens brasileiros, do campo e da cidade, e com amplas possibilidades de crescimento.
Não bastasse a carência na formação profissionais especializados para lidar com a transformação tecnológica que o agronegócio passou nas últimas décadas, é importante registrar que essas oportunidades todas que vem surgindo e surgirão na próxima década exigirão também, uma formação comportamental, de soft skills, como nos demais segmentos. A demanda já existe e crescerá ainda mais para o desenvolvimento destas competências, de pessoas que consigam auxiliar o agro na gestão de equipes, na operação e análise de dados digitais, na condução de máquinas extremamente inovadoras.
Neste sentido, já observamos alguns movimentos importantes, principalmente aqueles desenvolvidos pelo cooperativismo, no qual as cooperativas, preocupadas com a sucessão familiar e com a transformação tecnológica do setor, vem investindo na formação de jovens cooperados. Por outro lado, se considerarmos toda a demanda atual e que surgirá na próxima década para o agronegócio, principalmente no setor de agrosserviços, como nós estamos nos preparando para formar essa massa qualificada de pessoas? Como as escolas, institutos e universidades estão se preparando para atender a essa demanda? Qual a participação de quem demanda por qualificação no agro?
Esse processo é longo e demanda esforços não só do setor educacional, mas sim de ações conjuntas que agreguem esforços de entidades setoriais, poder público, empresas e quem mais puder se unir no desafio de preparar profissionais qualificados para a grande demanda que o agronegócio exige.
*Deniz Anziliero é médico veterinário, é mestre, doutor e pós-doutor em medicina veterinária preventiva e diretor da Escola de Agronegócio da Atitus