Ciclone extratropical força elevação do Guaíba

Nível do lago estava em 3,87 metros na manhã desta quarta-feira

O ciclone extratropical que atinge o Rio Grande do Sul desde o início da semana elevou o nível do Rio Guaíba em 24 centímetros durante um período de nove horas na terça-feira. A régua instalada na Orla do Gasômetro, no Centro de Porto Alegre. indicava 3,68 metros até as 12h15min, chegando a 3,92 metros às 21h30min em razão de um vento Sudoeste. Na manhã de hoje, estava em 3,87 metros.





Com o vento, a água, que estava próxima à borda do Cais Mauá durante a tarde, atravessou as comportas – já abertas – que fazem parte do pouco eficiente sistema anticheias da capital gaúcha. A previsão do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) é que, assim como houve um aumento súbito, também haja uma queda na mesma intensidade.



“Vento de sul/sudoeste causa o efeito de Fetch, que é este empilhamento da água no sentido que o vento está soprando. Depende da intensidade do vento e do comprimento de pista que ele tem sobre a água”, afirma o professor Fernando Dornelles. Apesar da elevação, o pesquisador indica que é pouco provável que o Guaíba se aproxime do patamar dos 4 metros novamente, como ocorreu pela última vez à meia-noite de segunda-feira.



O nível do lago está em queda, conforme as últimas medições da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). O último cenário revelado pelo IPH, na terça-feira, mostrava permanência da cheia nos próximo sidas, mas de forma lenta, por conta dos volumes afluentes dos rios e pelas chuvas da semana passada.



Balanço da Defesa Civil - O boletim da Defesa Civil estadual liberado às 9h de hoje mostra que a catástrofe climática afetou 471 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul. As chuvas extremas, que iniciaram no dia 29 de abril, provocaram a morte de 169 pessoas e ferimentos em outras 806. Ainda tem 44 pessoas desaparecidas.



O número de desalojados está em 481.638 pessoas e existem 47.651 pessoas em abrigos. As enchentes afetaram 2,34 milhões de gaúchos. Os resgatistas salvaram 77.729 pessoas e 12.527 animais.



As chuvas que atingiram o Estado provocam danos e alterações no tráfego nas rodovias estaduais gaúchas. Atualmente, são 67 trechos com bloqueios totais ou parciais em 36 rodovias, entre estradas, pontes e balsas. As informações são do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), consolidadas com o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), abrangendo também rodovias concedidas e as administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).



A CEEE Equatorial informou que 45.591 pontos estão sem energia elétrica (2,2% do total de clientes) no Estado. Já a RGE Sul confirmou que 43,1 mil pontos não tinham luz (1,4% do total de clientes). O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) reabriu cinco comportas do Sistema de Proteção Contra Cheias, na tarde de ontem, 28. Os portões haviam sido fechados no dia 2 de maio.

As comportas abertas foram as de número 1 (próxima do Gasômetro), 4 (portão principal de acesso ao Cais Mauá), 11 (avenida Voluntários da Pátria com São Pedro), 12 (acesso a subida para a avenida Castelo Branco, pela Voluntários da Pátria) e 14 (próxima ao DC Navegantes). As três últimas ficam na região da avenida Sertório e ajudam no escoamento da água de dentro da cidade para o Guaíba. A pedido da equipe do Portos RS, o portão 3 ficou com as bags que haviam sido instaladas anteriormente.

“Hoje pela manhã estivemos olhando através do Muro da Mauá e identificamos que a água do Guaíba teve bastante redução, por isso decidimos abrir as comportas, para que escoe a água da cidade e também para que o pessoal dos portos consiga acessar o local”, esclarece o diretor-geral Maurício Loss.



Comportas - Das 14 comportas existentes na Capital, localizadas entre a Ponte do Guaíba e a Usina do Gasômetro, sete estão permanentemente bloqueadas e outras sete haviam sido fechadas. Os portões fazem parte do Sistema de Proteção Contra Cheias, composto também por 23 Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) e diques de Porto Alegre.



Praticamente esquecidos pela prefeitura, os moradores dos maiores bairros da Zona Norte de Porto Alegre viram a água começar a baixar nesta terça-feira. O Dmae instalou mais uma bomba de alta capacidade emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que também cedeu profissionais para a execução do serviço. Desta vez, o equipamento foi colocado nas proximidades da Estação de Bombeamento de Água Pluvial (Ebap) 5, no bairro Humaitá. Esta é a quarta bomba da Sabesp em funcionamento na capital.





As outras três foram colocadas no bairro Sarandi, na área da Ebap 9, entre o domingo, 19, e sábado, 25. A Sabesp emprestou nove bombas desse tipo para a Prefeitura de Porto Alegre, e os próximos locais de instalação devem ser divulgados em breve. Elas pesam cerca de 10 toneladas, demandam complexas operações para montagem e têm capacidade para drenar 7,2 milhões de litros por hora.



Paralelamente, o Dmae também tem trabalhado com outras bombas de menor capacidade. Na região do Aeroporto Internacional Salgado Flho foram colocadas sete bombas-trator, por exemplo, algumas emprestadas por arrozeiros. Já nas proximidades da Ebap 6, no bairro Anchieta, duas bombas flutuantes e uma bomba-trator também estão em operação. Todos os equipamentos contribuem para agilizar o escoamento de água na Zona Norte.




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