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Na última quarta-feira (24), o governo da Índia permitiu o desvio de mais 800kt de açúcar para a produção de etanol no ciclo 23/24, após as limitações iniciais impostas no final de 2023. Esta alteração reflete a melhora da oferta no país asiático nos últimos meses. A Hedgepoint Global Markets aborda o tema, em relatório, além de análise sobre a safra 24/25 do Brasil.
Segundo a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, de fato, muitas usinas já haviam produzido uma quantidade maior de melaço pesado (tipo B) em antecipação ao programa de etanol e agora poderão usar seus estoques para o combustível.
“Com esse volume adicional, o desvio de açúcar passará de 1,7Mt para 2,5Mt nesta safra, com a disponibilidade total de açúcar prevista para mudar de 31,85Mt para 31,06Mt. Apesar dessa diminuição, os estoques da Índia ainda chegarão perto de 6Mt em 23/24, cenário que poderia apoiar um aumento nas exportações - o governo recentemente permitiu a exportação de 64,5kt para as Maldivas!”, ressalta.
As perspectivas para a safra indiana de 24/25 também são mais favoráveis em termos de clima e podem aumentar a disponibilidade do adoçante. A mudança prevista de El Niño para La Niña tende a favorecer o período das monções no país, beneficiando a produção de cana. O Departamento Meteorológico Indiano (IMD) prevê igualmente que a estação das monções finalize acima dos níveis médios em 2024.
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“Com isto, estimamos também um aumento da disponibilidade de açúcar em 24/25. Como resultado, o governo indiano poderia permitir um maior desvio de açúcar para a produção de etanol. A questão é: o que a Índia vai priorizar?”, indaga.
Ainda assim, considerando a possibilidade de o governo indiano retomar sua meta inicial de mistura (20%) e, portanto, o desvio de aproximadamente 5,5Mt de açúcar em 24/25, o país ainda alcançaria 31,35Mt do adoçante na próxima safra, com estoques finais estimados em 6,5Mt.
“Nesse sentido, mesmo que o governo indiano aumente o desvio de açúcar para seu programa de etanol, a perspectiva para 24/25 é mais otimista. O mesmo vale para outros países e regiões do Hemisfério Norte, com expectativa de recuperação na União Europeia, Tailândia e América Central. Como resultado, o mercado começou a reagir com o contrato de agosto do açúcar branco mostrando fraqueza”, explica.
E prossegue: “Para o açúcar bruto, espera-se também uma oferta abundante. Embora seja consensual que a temporada brasileira de 24/25 será inferior à de 23/24 - uma colheita recorde -, principalmente devido às piores condições climatéricas no final de 2023, podemos ainda esperar uma elevada produção de açúcar”.
Com os preços mais favoráveis do adoçante, as usinas investiram no processo de cristalização e na maximização do mix de açúcar, o que deve permitir mais um ano de alta disponibilidade, mesmo com um volume de matéria-prima mais baixa.
Neste sentido, na quinta-feira (25), a Conab apontou em seu relatório da safra 24/25 no Brasil, um aumento de 4,1% em área, e produção de 42,7Mt de açúcar, mesmo com redução de produtividade.
“Nossas projeções são um pouco mais "pessimistas", com a produção do adoçante chegando a 41,8Mt em 24/25”, destaca.
“Na sexta-feira (26), o primeiro olhar da Unica sobre a safra 24/25 também adicionou aos baixistas: o grupo informou que a moagem de cana do Centro-Sul totalizou 15,81Mt na primeira quinzena de abril, com uma produção de açúcar de 710kt, um aumento de 30,97% ano-a-ano!”, observa.
Dado o bom início da safra brasileira e a expetativa de uma oferta mais confortável nos próximos meses, os preços permaneceram, em geral, em baixa, com o contrato de Julho continuando abaixo de 20 centavos de dólar por libra-peso.
Poderemos ver uma pequena reação apenas no curto prazo, devido ao vencimento do contrato de maio nesta terça-feira (30). A expiração provavelmente mudará o foco do mercado nos próximos dias, permitindo uma recuperação momentânea, especialmente com a expetativa de entrega de cerca de 1Mt contra o contrato.
Em resumo, as perspectivas para a temporada de açúcar de 24/25 continuam a ser bastante pessimistas. Embora a recente permissão da Índia para um maior desvio de açúcar para o programa de etanol tenda a reduzir a disponibilidade, os melhores padrões climáticos esperados e a maior produção em outros países do Hemisfério Norte podem levar a fluxos comerciais dos brancos à níveis mais confortáveis nos próximos meses. Para os brutos, os dados de 24/25 do Brasil divulgados pela Unica apoiam a percepção de outra grande produção de açúcar durante a temporada, aumentando a tendência de baixa.
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Boa safra brasileira de cana de açúcar aumenta pressão baixista
Segundo a Hedgepoint Global Markets, a Índia permitiu que 800kt extras de açúcar fossem desviados para a produção de etanol na safra 23/24, com a expectativa de que um total de 2,5Mt seja usado no programa de etanol
Publicado em 02/05/2024 | 06:34:00
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Segundo a analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Laleska Moda, de fato, muitas usinas já haviam produzido uma quantidade maior de melaço pesado (tipo B) em antecipação ao programa de etanol e agora poderão usar seus estoques para o combustível.
“Com esse volume adicional, o desvio de açúcar passará de 1,7Mt para 2,5Mt nesta safra, com a disponibilidade total de açúcar prevista para mudar de 31,85Mt para 31,06Mt. Apesar dessa diminuição, os estoques da Índia ainda chegarão perto de 6Mt em 23/24, cenário que poderia apoiar um aumento nas exportações - o governo recentemente permitiu a exportação de 64,5kt para as Maldivas!”, ressalta.
As perspectivas para a safra indiana de 24/25 também são mais favoráveis em termos de clima e podem aumentar a disponibilidade do adoçante. A mudança prevista de El Niño para La Niña tende a favorecer o período das monções no país, beneficiando a produção de cana. O Departamento Meteorológico Indiano (IMD) prevê igualmente que a estação das monções finalize acima dos níveis médios em 2024.
“Com isto, estimamos também um aumento da disponibilidade de açúcar em 24/25. Como resultado, o governo indiano poderia permitir um maior desvio de açúcar para a produção de etanol. A questão é: o que a Índia vai priorizar?”, indaga.
O início da safra 24/25 no Brasil também pressiona o açúcar bruto, dada a expectativa de uma alta produção de açúcar, especialmente após a primeira perspectiva da Unica sobre a safra
Ainda assim, considerando a possibilidade de o governo indiano retomar sua meta inicial de mistura (20%) e, portanto, o desvio de aproximadamente 5,5Mt de açúcar em 24/25, o país ainda alcançaria 31,35Mt do adoçante na próxima safra, com estoques finais estimados em 6,5Mt.
“Nesse sentido, mesmo que o governo indiano aumente o desvio de açúcar para seu programa de etanol, a perspectiva para 24/25 é mais otimista. O mesmo vale para outros países e regiões do Hemisfério Norte, com expectativa de recuperação na União Europeia, Tailândia e América Central. Como resultado, o mercado começou a reagir com o contrato de agosto do açúcar branco mostrando fraqueza”, explica.
E prossegue: “Para o açúcar bruto, espera-se também uma oferta abundante. Embora seja consensual que a temporada brasileira de 24/25 será inferior à de 23/24 - uma colheita recorde -, principalmente devido às piores condições climatéricas no final de 2023, podemos ainda esperar uma elevada produção de açúcar”.
Com os preços mais favoráveis do adoçante, as usinas investiram no processo de cristalização e na maximização do mix de açúcar, o que deve permitir mais um ano de alta disponibilidade, mesmo com um volume de matéria-prima mais baixa.
Neste sentido, na quinta-feira (25), a Conab apontou em seu relatório da safra 24/25 no Brasil, um aumento de 4,1% em área, e produção de 42,7Mt de açúcar, mesmo com redução de produtividade.
“Nossas projeções são um pouco mais "pessimistas", com a produção do adoçante chegando a 41,8Mt em 24/25”, destaca.
“Na sexta-feira (26), o primeiro olhar da Unica sobre a safra 24/25 também adicionou aos baixistas: o grupo informou que a moagem de cana do Centro-Sul totalizou 15,81Mt na primeira quinzena de abril, com uma produção de açúcar de 710kt, um aumento de 30,97% ano-a-ano!”, observa.
Dado o bom início da safra brasileira e a expetativa de uma oferta mais confortável nos próximos meses, os preços permaneceram, em geral, em baixa, com o contrato de Julho continuando abaixo de 20 centavos de dólar por libra-peso.
Poderemos ver uma pequena reação apenas no curto prazo, devido ao vencimento do contrato de maio nesta terça-feira (30). A expiração provavelmente mudará o foco do mercado nos próximos dias, permitindo uma recuperação momentânea, especialmente com a expetativa de entrega de cerca de 1Mt contra o contrato.
Em resumo, as perspectivas para a temporada de açúcar de 24/25 continuam a ser bastante pessimistas. Embora a recente permissão da Índia para um maior desvio de açúcar para o programa de etanol tenda a reduzir a disponibilidade, os melhores padrões climáticos esperados e a maior produção em outros países do Hemisfério Norte podem levar a fluxos comerciais dos brancos à níveis mais confortáveis nos próximos meses. Para os brutos, os dados de 24/25 do Brasil divulgados pela Unica apoiam a percepção de outra grande produção de açúcar durante a temporada, aumentando a tendência de baixa.
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