Preços do café sobem até 50% em agosto, segundo Radar Agro do Itaú BBA, com safra menor no Brasil e impactos das tarifas dos EUA.
Os preços do café registraram forte alta em agosto, de acordo com o Radar Agro, da Consultoria Agro do Itaú BBA. O arábica subiu 40% em Nova York e o robusta 50% em Londres. Esse movimento resultou tanto de choques de oferta quanto de incertezas comerciais.
No início de agosto, episódios de geadas atingiram o Cerrado Mineiro. Embora menos intensas que as de 2021, essas ocorrências reduziram em cerca de 400 mil sacas a estimativa regional para 2026. Além disso, a colheita 2025/26 confirmou queda no rendimento do arábica. Assim, a produção deve somar 38,7 milhões de sacas, 11,5% abaixo da safra anterior.
Poucos dias antes, em 30 de julho, os Estados Unidos anunciaram a ampliação de tarifas sobre exportações brasileiras, elevando a alíquota de 10% para 50%. Como o café não foi incluído na lista de exceções, a decisão aumentou a instabilidade entre o maior produtor e o maior consumidor mundial. Consequentemente, importadores retardaram compras do Brasil e limitaram aquisições ao mínimo necessário, o que elevou a pressão sobre os preços.
Mesmo com a projeção de 24,1 milhões de sacas de robusta mantida, a safra brasileira total de 2025/26 foi estimada em 62,8 milhões de sacas. Esse número ficou abaixo das 65 milhões calculadas pelo USDA. Desse modo, o superávit global deve cair para 7 milhões de sacas. Além disso, os estoques permanecem baixos nos países consumidores, o que reforça o viés de alta no mercado.
Por outro lado, apesar das incertezas, os fundamentos seguem sustentando a valorização do café. A pressão sobre os preços tende a continuar, especialmente diante da aproximação do inverno no Hemisfério Norte, período em que a demanda se intensifica.
De acordo com o Itaú BBA, esse cenário reforça a necessidade de estratégias de proteção de margens pelos produtores. Embora os custos tenham aumentado, sobretudo com fertilizantes, o uso de instrumentos de hedge pode assegurar preços mais atrativos para a próxima safra.
Ainda assim, caso o clima seja favorável, o Brasil poderá colher uma safra melhor em 2026/27. Modelos climáticos apontam boas perspectivas de chuvas, o que mantém o cenário em aberto e aumenta as chances de recuperação da produção.