Alta do cacau encarece chocolate, mas bombons seguem firmes entre os mais comprados no Brasil
Oscilação de preços impacta comportamento do consumidor e muda a presença dos produtos nas gôndolas
Crise do cacau na África impacta preços dos derivados e muda hábitos de consumo no Brasil. Foto: Canva
No Dia Mundial do Chocolate, celebrado nesta segunda-feira (7), os efeitos da crise global do cacau continuam sendo sentidos pelo consumidor brasileiro. Levantamento da Neogrid mostra que o aumento nos preços dos principais derivados do cacau, especialmente o chocolate, tem pressionado o bolso do consumidor e provocado mudanças no comportamento de compra.
Entre junho de 2024 e janeiro de 2025, os preços médios de barras de chocolate e bombons subiram, atingindo picos de R$ 113,84 e R$ 113,93, respectivamente, no início deste ano. A partir de fevereiro, o valor dos bombons começou a recuar, chegando a R$ 107,94 em maio, enquanto as barras voltaram a subir em abril, atingindo R$ 108,73 naquele mês.
A elevação nos preços tem origem na quebra de safra do cacau em países da África Ocidental, responsáveis por cerca de 65% da produção mundial. O quilo da matéria-prima triplicou de valor, alcançando em abril o maior patamar em 50 anos. Segundo a Organização Internacional do Cacau, 81% das plantações em Gana – segundo maior produtor mundial – estão infectadas pelo vírus do broto inchado do cacau (CSSV, na sigla em inglês).
Entre os derivados, o creme de chocolate foi o único a registrar aumento contínuo no período. O preço do produto subiu 14,7% em 12 meses e chegou a R$ 99,41 em maio. Embora tenha caído de R$ 86,64 em junho de 2024 para R$ 83,00 em dezembro, o valor retomou a trajetória de alta nos primeiros cinco meses de 2025.
Mesmo com a volatilidade nos preços, bombons e chocolates recheados mantêm força entre os itens mais adquiridos. Esses produtos marcaram presença em 67,3% das compras em maio, com avanço de 2,1 pontos percentuais em relação a janeiro. Já as barras de chocolate perderam espaço, com recuo de 5,1 pontos percentuais no mesmo período.
O estudo também aponta mudanças nas preferências dentro de casa. A presença do chocolate em pó nas compras caiu de 84,7% para 79% entre janeiro e maio deste ano, indicando possível substituição por versões menos processadas. O cacau em pó cresceu de 15,7% para 21,5%, mesmo com aumento de 6,2% no preço, encerrando maio a R$ 94,34 o quilo.
Enquanto o chocolate em pó segue mais associado ao preparo de receitas caseiras — com forte convivência com biscoitos, leite condensado e creme de leite — os chocolates prontos aparecem com maior frequência ao lado de snacks, refrigerantes e pão.
Para especialistas da Neogrid, mesmo com um recente alívio nos contratos futuros, os efeitos da alta histórica do cacau ainda se refletem no comportamento de compra, com o consumidor ajustando suas preferências diante dos novos preços.
