Oferta global elevada, demanda fraca e queda do petróleo mantêm preços do algodão sob pressão no mercado interno e externo
O mercado do algodão enfrenta pressão contínua. A combinação de oferta global elevada e demanda fragilizada limita a valorização da pluma. O cenário reflete baixo crescimento econômico mundial, incertezas comerciais e possíveis impactos das tarifas sobre produtos têxteis. Além disso, a queda no mercado de petróleo retira suporte adicional às cotações.
As informações constam no Agro Mensal, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.
No Brasil, após recuarem em junho, as cotações voltaram a cair em julho. Em Rondonópolis (MT), o preço da pluma caiu 4%, para R$ 3,92 por libra-peso. A pressão aumentou com o avanço da colheita e maior oferta de algodão beneficiado.
O caroço também registrou retração, com a entrada da nova safra. Ainda assim, os valores seguem acima do observado em 2024. Em julho, a média em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 921 por tonelada, recuo mensal de 40% e alta de 72,9% no comparativo anual. Já em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.149 por tonelada, queda de 31,9% no mês e aumento de 68,1% em relação ao ano anterior.
Para a safra 2025/26, o balanço global deve alcançar o maior nível desde a pandemia, com 16,8 milhões de toneladas. Em 2019/20, o estoque foi de 18,2 milhões de toneladas. Os Estados Unidos e o Brasil devem ampliar a produção. Já China e Índia devem colher menos, mas ainda em volumes robustos, sem grande estímulo para ampliar importações.
No cenário externo, acordos entre Estados Unidos e países asiáticos como Vietnã e Bangladesh trouxeram definições relevantes. No entanto, também geraram desafios. Com tarifas de 20% e 35%, respectivamente, os produtos têxteis desses países tendem a chegar mais caros ao mercado norte-americano. Essa alta pode reduzir a demanda por vestuário e, consequentemente, por algodão.