Apesar de um cenário positivo para a safra, a demanda chinesa enfraquecida e a redução de produtividade nas lavouras podem impactar o mercado de açúcar
A China vem enfrentando desafios econômicos há mais de um ano, com destaque para dificuldades no setor imobiliário, deflação e alta alavancagem financeira. O governo chinês tem tentado estimular o crescimento econômico por meio de estímulos fiscais, mas a recente escalada da guerra comercial com os EUA pode agravar esses problemas e impactar ainda mais a demanda por açúcar no país.
Conforme análise da Hedgepoint Global Markets, a produção recorde de açúcar da China deveria refletir uma maior demanda por importações, especialmente devido à abertura da arbitragem de importação em regiões não produtoras. No entanto, apesar de preços mais baixos do açúcar bruto, a China não aproveitou as oportunidades de compra, indicando uma demanda mais fraca ou adormecida. O preço do açúcar bruto permaneceu estável, em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o mercado digere as mudanças macroeconômicas.
Além da demanda chinesa mais fraca, o relatório também faz uma revisão da safra no Brasil, com destaque para o impacto das condições climáticas. A precipitação abaixo da média em fevereiro e março afetou a umidade do solo, levando-a ao nível mais baixo dos últimos 30 anos. Contudo, as chuvas tardias em março e o início de abril próximo da média ajudaram a recuperar a saúde da planta, com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI) indicando que ainda não há preocupações com estresse hídrico significativo.
Embora a produção de cana no Centro-Sul do Brasil continue a mostrar uma tendência positiva, a revisão da safra apontou uma redução de 1,1% na produtividade. No entanto, as usinas relataram um aumento marginal na área de cultivo, o que não foi previsto inicialmente devido aos efeitos da seca e dos incêndios do ano passado. Com isso, a previsão de moagem de cana foi ajustada de 630 Mt para 621,2 Mt, uma redução que impacta a produção de açúcar, que passou de 43,3 Mt para 42,6 Mt, uma diminuição de quase 700 mil toneladas.
Apesar das expectativas positivas para a safra, a diminuição na produtividade e a demanda mais fraca da China geram uma perspectiva desafiadora para o mercado de açúcar. O Brasil continua a ser uma força de baixa no mercado, contribuindo para a fraqueza do preço do açúcar bruto e a dificuldade em ultrapassar o nível de 18 centavos por libra-peso.