Com a recuperação mais rápida do que o esperado no rebanho de suínos, o mercado chinês foi levado a um ponto de excesso de oferta e os preços, além das margens de lucro, caíram significativamente. Esse cenário vem evoluindo desde meados de 2021, mas chegou ao ponto em que a reversão do plantel já impacta o mercado de ração.
“A produção chinesa de suínos é um dos principais motores da demanda mundial de soja e milho”, observa Pedro Schicchi, o analista de Grãos e Proteínas da companhia especializada em gestão de riscos, análises e hedge de commodities. “Além disso, desde o início da Peste Suína Africana (PSA), o déficit nos rebanhos chineses vinham sendo a causa do crescimento das exportações de carnes no Brasil e nos EUA”, acrescenta.
Segundo o relatório, a reversão do crescimento do rebanho normalmente não é possível no curto prazo, o que explica porque se demorou tanto para que as margens baixas de suínos afetassem o restante da cadeia. “No entanto, agora chegamos ao ponto em que as margens de abate e esmagamento de soja estão sendo afetadas”, reforça Schicchi.
Uma variável chave para a demanda mundial de soja e milho é o mercado de carnes, de acordo com o especialista. Por esta razão, é importante entender os fatores que têm influenciado esse segmento e as perspectivas para a demanda por ração.
Na semana passada, relatório da hEDGEpoint mencionou o cenário ruim dos produtores de suínos na China. “Agora, dado o menor apetite chinês por importar carne, sendo a suína especialmente (se não a única) afetada, Brasil e EUA veem o cenário de mercado de proteína animal aquecendo após quase quatro anos de estabilidade”, afirma Schicchi.
No geral, a perspectiva ainda é levemente baixista para o consumo de ração, mas isso pode ser compensado pelos déficits causados pelo conflito na Ucrânia e um menor nível produção de ração nos Estados Unidos.