O clima seco nos países que lideram a produção de trigo no mundo tende a manter os preços internacionais do cereal firmes até a entrada da próxima safra (2022/23), ou seja, até o fim deste ano, diz o consultor privado de mercado Pablo Maluenda. “As condições climáticas estão trazendo uma volatilidade enorme as preços internacionais nas regiões que são grandes exportadores, como a Europa, Estados Unidos e Argentina”, disse Maluenda em painel no 29º Congresso Internacional do Trigo, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Segundo o consultor, esses produtores terão a menor oferta de trigo dos últimos 14 anos.
Sobre a Europa, Maluenda explicou que a seca observada neste ano pode afetar também o plantio da próxima temporada. Quanto aos Estados Unidos, o tempo quente e seco pode levar a uma quebra da safra de milho e fazer com que produtores redirecionem lavouras até então ocupadas com milho para o plantio de trigo. “A Argentina enfrenta o terceiro ano consecutivo de seca. Já no Brasil a chuva durante a colheita preocupa a produtividade do cereal”, apontou o consultor. A produção argentina entra no mercado a partir de dezembro, enquanto a safra brasileira está sendo colhida.
Maluenda afirmou que a volatilidade dos mercados futuros tende a continuar no início de 2023. Já ao longo do próximo ano, uma retomada agressiva do trigo russo no mercado mundial deve pressionar os preços. Neste cenário, ele acrescentou que o câmbio também tende a afetar os preços, com viés de baixa. "Um índice de dólar muito alto, como observado hoje, apresentará um limite de alta para as commodities precificadas em dólar", prevê.
Maluenda comentou também os impactos da recessão global no mercado de trigo: “Trigo é um dos produtos mais inelásticos da cesta de consumo. Então, pode haver troca por produtos mais acessíveis, mas não queda de consumo de trigo, o que não afeta os preços”, observou Maluenda. (AE).