Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem ameaçam dezenas de invasões em todo o país em abril caso o governo não apresente um plano nacional de reforma agrária que contemple um cronograma de assentamentos durante todo o governo Lula. Segundo o Movimento, existem cerca de 100 mil famílias acampadas no Brasil, das quais 80% são vinculadas ao MST, a maior parte na região Nordeste do país.
O movimento avalia que com a mudança do governo Jair Bolsonaro para Lula o ambiente é mais favorável à reforma agrária e, consequentemente, à invasões de propriedades. O MST também cobra que as nomeações de indicados que tenham ligação com o movimento de reforma agrária para as superintendências regionais do Incra, órgão responsável pelos assentamentos, sejam aceleradas. O presidente do Incra, Cesar Aldrighi, já é próximo ao movimento. Das 29 superintendências, apenas seis foram nomeadas pelo atual governo.
Na visão dos líderes do movimento, o atual governo não criminaliza lutas populares, mas também há o entendimento de que uma série de invasões neste momento pode acabar fortalecendo a oposição ao governo e tensionando ainda mais o ambiente político.
Na sexta-feira (03/02), integrantes do MST estiveram na sede do Incra em Brasília para debater esses assuntos, assim como a evolução da desocupação da área invadida pelo grupo no sul da Bahia. A ideia é negociar de antemão uma agenda comum com o governo e forçá-lo que ao menos se antecipe aos problemas.